América Latina pode 'fazer mais' contra crise climática, dizem OCDE e BID
Os governos da América Latina e do Caribe "podem fazer mais para combater a crise climática", diz um relatório publicado nesta quarta-feira (13) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Os países da região "têm potencial para alcançar uma transição verde que promova crescimento econômico sustentável e aborde as desigualdades estruturais", mas para isso "seus governos precisam estar à altura", afirma o relatório.
O estudo "Panorama das Administrações Públicas: América Latina e Caribe 2024" apontou que, para enfrentar os desafios da transição ecológica, os governos devem se apoiar em ferramentas de gestão pública.
"Um exemplo é a contratação pública, que pode ser orientada para promover a sustentabilidade, a responsabilidade ambiental", aconselha.
De acordo com o relatório, apenas 9 dos 19 países da região analisados "possuem uma estratégia para contratação pública verde", como priorizar empresas que atendam a critérios de sustentabilidade ambiental.
No entanto, "todos os países pesquisados possuem estruturas normativas de contratação pública que contemplam pelo menos um objetivo social", sendo o mais comum o ambiental (89%), afirma o estudo.
O relatório também destacou a importância de integrar "considerações climáticas nas decisões sobre impostos e gastos públicos".
Dos 12 países da América Latina e do Caribe pesquisados sobre esse ponto, apenas cinco - Chile, Colômbia, Honduras, México e República Dominicana - utilizam essa estratégia, em comparação com 67% dos países da OCDE.
Três desses países (Chile, Colômbia e México) também são membros da OCDE, um clube composto por 38 membros com sistemas democráticos e, em sua maioria, economias desenvolvidas.
Além das estratégias para enfrentar a crise climática, a OCDE e o BID destacaram outros aspectos relacionados à governança, como a confiança dos cidadãos.
Em 2022, 36,3% da população de 16 países da América Latina e do Caribe confiavam no governo central, em comparação com 47,5% nos países da OCDE.
"Embora as democracias da região tenham se consolidado, a confiança continuou diminuindo desde a crise econômica de 2008, quando era de 43%", revelou o relatório.
Além disso, a percepção pública da corrupção permanece alta.
De acordo com a Pesquisa Mundial da Gallup (EMG) citada pelo relatório, 75,5% dos cidadãos entrevistados em 2023 na América Latina e no Caribe acreditam que a corrupção é generalizada em seus governos, em comparação com uma média de 53,6% nos países da OCDE.
A EMG é baseada em uma amostra nacional representativa e probabilística de cerca de 1.000 indivíduos por país.
P.E.Steiner--NZN