Zürcher Nachrichten - Mudança climática, seca e crime: o coquetel que incendeia a América do Sul

EUR -
AED 4.135422
AFN 80.48768
ALL 100.458754
AMD 440.318694
ANG 2.015603
AOA 1033.579845
ARS 1211.900578
AUD 1.811298
AWG 2.029442
AZN 1.866045
BAM 1.988355
BBD 2.274317
BDT 136.859563
BGN 1.961764
BHD 0.424419
BIF 3296.64762
BMD 1.125904
BND 1.505232
BOB 7.783226
BRL 6.626283
BSD 1.126433
BTN 97.002623
BWP 15.88683
BYN 3.686221
BYR 22067.72314
BZD 2.262605
CAD 1.571036
CDF 3239.226393
CHF 0.923889
CLF 0.029029
CLP 1113.958159
CNY 8.235422
CNH 8.223334
COP 4921.045965
CRC 579.177634
CUC 1.125904
CUP 29.836462
CVE 112.534289
CZK 25.091884
DJF 200.095317
DKK 7.466716
DOP 69.686921
DZD 149.479538
EGP 57.782755
ERN 16.888564
ETB 146.591916
FJD 2.582993
FKP 0.881638
GBP 0.866524
GEL 3.107006
GGP 0.881638
GHS 17.44407
GIP 0.881638
GMD 81.148004
GNF 9742.588021
GTQ 8.686476
GYD 235.349983
HKD 8.734613
HNL 29.069489
HRK 7.539396
HTG 147.6441
HUF 417.582355
IDR 19073.935086
ILS 4.229461
IMP 0.881638
INR 97.610982
IQD 1471.72593
IRR 47393.920478
ISK 147.984158
JEP 0.881638
JMD 177.804396
JOD 0.798274
JPY 161.68093
KES 145.776302
KGS 97.836617
KHR 4496.189554
KMF 501.706511
KPW 1013.328696
KRW 1658.666235
KWD 0.346308
KYD 0.933697
KZT 586.280824
LAK 24341.775125
LBP 101136.807261
LKR 335.810499
LRD 224.919517
LSL 22.324448
LTL 3.324503
LVL 0.681049
LYD 5.456726
MAD 10.688437
MDL 19.965733
MGA 5218.771725
MKD 62.749201
MMK 2363.574113
MNT 3951.963754
MOP 8.993374
MRU 44.505335
MUR 50.536828
MVR 17.384003
MWK 1950.206511
MXN 23.214175
MYR 5.062872
MZN 71.928927
NAD 22.324448
NGN 1769.375486
NIO 41.388212
NOK 12.125762
NPR 156.250779
NZD 1.958282
OMR 0.433497
PAB 1.125904
PEN 4.231334
PGK 4.635233
PHP 64.528921
PKR 315.672762
PLN 4.373799
PYG 9020.262576
QAR 4.097969
RON 5.076731
RSD 119.475157
RUB 97.079763
RWF 1590.911361
SAR 4.222208
SBD 9.553021
SCR 16.338844
SDG 675.915551
SEK 11.066124
SGD 1.517632
SHP 0.884784
SLE 25.647913
SLL 23609.650218
SOS 643.075303
SRD 41.289518
STD 23303.944615
SVC 9.85099
SYP 14639.365866
SZL 22.324448
THB 38.691666
TJS 12.226338
TMT 3.939614
TND 3.462872
TOP 2.718831
TRY 42.862184
TTD 7.645059
TWD 37.00364
TZS 3004.23592
UAH 46.549314
UGX 4161.96253
USD 1.125904
UYU 48.364454
UZS 14547.617984
VES 83.024707
VND 29297.464523
VUV 142.067564
WST 3.247306
XAF 668.942014
XAG 0.0362
XAU 0.000353
XCD 3.046939
XDR 0.845976
XOF 668.942014
XPF 119.331742
YER 276.507396
ZAR 21.959648
ZMK 10134.4861
ZMW 31.555171
ZWL 362.540707
Mudança climática, seca e crime: o coquetel que incendeia a América do Sul
Mudança climática, seca e crime: o coquetel que incendeia a América do Sul / foto: EVARISTO SA - AFP

Mudança climática, seca e crime: o coquetel que incendeia a América do Sul

Uma onda desenfreada de incêndios florestais arde na América do Sul, onde os efeitos da mudança climática, das secas históricas e das más práticas no campo alimentam uma crise que já deixou mortos, cidades cobertas por fumaça e perdas avaliadas em milhões.

Tamanho do texto:

Esta série de incêndios é "completamente diferente" da que devastou florestas no Brasil, Peru e Bolívia em 2019, que desencadeou protestos mundiais, alerta a ecologista Erika Berenguer, pesquisadora das universidades de Oxford e Lancaster.

Na ocasião, as chuvas ajudaram a conter os focos iniciados sobretudo por agricultores que apoiavam o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.

Agora, quase todo o continente "vive uma seca severa", diz Berenguer à AFP. Até mesmo na Amazônia, "uma das regiões mais úmidas do planeta (...) a paisagem se torno muito inflamável devido à mudança climática", alertou.

A maior floresta tropical do mundo registra seus piores incêndios em quase duas décadas, segundo o observatório europeu Copernicus.

- Qual a dimensão da crise? -

Entre 1º de janeiro e 26 de setembro, foram contabilizados mais de 400.000 incêndios em toda a região, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

"Em 9 meses já superamos o número de focos registrados em todo [o ano de] 2023", segundo a pesquisadora.

O país mais afetado é o Brasil: as chamas devastaram 40,2 milhões de hectares de vegetação em 2024, muito acima da média anual da última década (31 milhões), segundo Copernicus. A imprensa registrou a morte de cerca de dez bombeiros devido aos incêndios.

O Equador, que na quarta-feira retirou uma centena de famílias ameaçadas pelas chamas na capital, e o Peru, com 21 mortes provocadas pelo fogo e a fumaça, declararam estado de "emergência" em várias províncias.

Já a Argentina tem focos ativos na província de Córdoba (centro) e na Colômbia, as chamas atingiram principalmente o departamento de Huila (sudoeste).

- Qual a causa dos incêndios? -

Especialistas e autoridades estimam que uma combinação entre secas agravadas pela mudança climática e ações humanas teriam sido responsáveis pelos incêndios.

"É um claro exemplo da mudança climática. Se alguém pensava que ela não existia, olhem, aqui está", declarou a ministra do Meio Ambiente do Equador, Inés Manzano.

No Peru e na Bolívia os incêndios ocorrem em meio à temporada de queimada de terras para o cultivo, uma prática tradicional dos agricultores que não é criminalizada.

Em meio à pior seca na história recente no Brasil, muitos incêndios ficaram fora de controle na Amazônia, onde o fogo é uma "ferramenta" usada por pequenos e grandes proprietários do agronegócio para transformar a floresta em pastagens ou lavouras.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera que muitos desses focos têm origem "criminosa".

Também há sinais de piromania. Um jovem de 19 anos foi preso sob suspeita de ter provocado um incêndio com combustível em Quito, onde ocorreram cerca de trinta incêndios florestais.

A Argentina e o Brasil também prenderam dezenas de pessoas suspeitas de iniciar conflagrações.

- Como afetam a população? -

São Paulo, a maior cidade da América Latina, esteve no início de setembro no topo da lista de cidades mais poluídas do mundo, segundo a empresa suíça IQAir, devido à fumaça resultante dos incêndios.

Boa parte do Brasil segue envolta nesta nuvem de fumaça tóxica, que se estendeu aos países vizinhos e chegou a Montevidéu e Buenos Aires, onde provocou um fenômeno conhecido como "chuva negra".

Com índices de qualidade do ar que ultrapassam os níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), muitos moradores de cidades brasileiras relatam doenças respiratórias e sintomas como ardência nos olhos.

O ar da cidade boliviana de Santa Cruz está em uma condição "extremamente ruim" e as autoridades de saúde recomendaram o uso de máscaras.

Os impactos também são sentidos na economia: as perdas no setor do agronegócio foram avaliadas em R$ 14,7 bilhões entre junho e agosto, em sua maioria nos cultivos de cana-de-açúcar que foram atingidos pelas chamas, segundo o sindicato.

No Equador, mais de dois meses sem chuvas deixaram o país em um "déficit hidráulico" e sob o racionamento de energia. Quase 45.000 cabeças de gado morreram.

- O que os governos estão fazendo? -

Milhares de bombeiros e militares foram mobilizados. Espanha e Venezuela, um dos poucos países da região que não foi atingido pelas chamas, enviaram especialistas à Bolívia.

"Todos querem contratar milhares de bombeiros, comprar aviões, etc. Tudo bem, mas é muito pouco e chega tarde demais", critica Berenguer.

"Precisamos prevenir os incêndios, porque uma vez que ganham força, são muito difíceis de combater", acrescenta a especialista, ao defender a contenção do desmatamento e a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Segundo Berenguer, "a maioria dos modelos climáticos mostra que estes eventos serão cada vez mais intensos e frequentes".

burs-jss/app/db/yr/aa

U.Ammann--NZN