Impugnadas primárias da oposição para definir rival de Maduro na Venezuela
O candidato de um pequeno partido da Venezuela impugnou nesta terça-feira (30), perante o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), as primárias da oposição para as eleições presidenciais de 2024, ao questionar os organizadores.
"Estamos introduzindo uma proteção constitucional contra o processo primário viciado", anunciou no Twitter Luis Ratti, empresário dissidente do chavismo que aspirou à presidência em 2018, quando o presidente Nicolás Maduro foi reeleito em meio a denúncias de fraude e a um boicote da maioria da oposição. Ratti pediu a nomeação de uma nova comissão para organizar as primárias, "limpar o processo" e "garantir a democracia".
"Achamos que as declarações do senhor Ratti carecem de base jurídica", disse à AFP Jesús María Casal, responsável pela comissão que organiza as primárias, ressaltando que continua com "o espírito aberto" para ouvir propostas e receber candidaturas. "Não estamos fechando nenhuma porta", assinalou, acrescentando que não teve acesso ao conteúdo apresentado por Ratti.
A principal aliança da oposição venezuelana, a Plataforma Unitária, rejeitou as ações promovidas por Ratti e qualificou o político como "um personagem obscuro", que atua em favor de Maduro.
Ratti justificou a contestação alegando um "sequestro político" do processo pelos partidos majoritários, em detrimento de outros setores da oposição. Ele acusa a comissão de ter rejeitado candidatos.
As primárias são organizadas há meses por um grupo de professores, advogados e consultores, que tem como objetivo garantir que o processo seja aberto a todos que desejarem se candidatar. No entanto, candidatos acusados de ligações com o governo chavista denunciaram "exclusões".
A comissão organizadora também media um debate entre os candidatos sobre a relevância do voto manual ou um processo feito por meio das máquinas do estatal Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Vários processos eleitorais foram anulados ou adiados pela Justiça na Venezuela. O TSJ, acusado pela oposição de servir aos interesses do governo, anulou um referendo em 2016 para revogar o mandato de Maduro, depois que o chavismo denunciou irregularidades na coleta de assinaturas para ativar a consulta.
A mais alta instância também anulou a autoridade do Parlamento quando este estava sob o controle da oposição, interveio nos partidos da oposição e ordenou, em novembro de 2021, a repetição das eleições regionais em Barinas, estado natal do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), depois de uma vitória da oposição.
A.Ferraro--NZN