MP da Colômbia investiga morte de oficial envolvido em escândalo que atinge governo
O Ministério Público da Colômbia anunciou, nesta terça-feira (13), que investigará a morte de um policial a cargo da segurança do presidente Gustavo Petro, envolvido em um escândalo de escutas ilegais que atinge o governo.
O coronel Óscar Dávila morreu na sexta-feira com um tiro na têmpora dentro de seu carro. Apesar de o governo garantir que se tratou de um suicídio, o MP convocou outro oficial e seu advogado para prestar depoimento sobre o caso.
O coronel era investigado em um escândalo de grampos ilegais que provocou a saída do governo de Laura Sarabia, braço direito de Petro, e do então embaixador na Venezuela, Armando Benedetti.
Após o sumiço de uma maleta com milhares de dólares da casa de Sarabia, sua babá acabou sendo interrogada com um polígrafo (detector de mentiras) na sede da Presidência e depois teve suas conversas telefônicas interceptadas com base em um relatório policial falso que a vinculava a traficantes de drogas, segundo o MP.
Benedetti, um político tradicional e poderoso que apoiou Petro durante sua campanha presidencial, e a ex-chefe de gabinete do presidente empregavam a mesma babá e acusam-se mutuamente de conspiração.
O Ministério Público investiga o "uso irregular do polígrafo" e quem deu a ordem de grampear os telefones para determinar se houve crime de abuso de autoridade, peculato, fraude processual, falsidade ideológica e violação ilícita de comunicações.
"Não é verdade que [...] há dois disparos" no corpo do coronel, escreveu Petro no Twitter, desmentindo usuários que especulam sobre um possível ataque contra o oficial para acobertar funcionários do governo.
"Esperemos que a investigação judicial encontre as causas de seu suicídio. Por que ele se sentiu tão encurralado para tomar tão terrível decisão?", escreveu o presidente em outra mensagem.
- 'Acabam comigo' -
Dezenas de simpatizantes do primeiro presidente de esquerda da Colômbia se reuniram nesta terça em frente à sede do Ministério Público para pedir a renúncia do procurador-geral Francisco Barbosa, a quem acusam de atuar contra do governo.
O veículo digital Cambio publicou a última conversa telefônica de Dávila com uma de suas jornalistas, que o questionou sobre sua responsabilidade no grampo ilegal dos celulares da babá e também de uma empregada doméstica de Sarabia.
"Eu não posso me pronunciar sobre isso. É a única coisa que posso te dizer porque [...] senão eles acabam comigo", diz o oficial na gravação.
O policial tentou fazer contato com a mesma jornalista alguns minutos depois, mas não obteve sucesso. Quando ela retornou a chamada, Dávila já estava morto.
Em meio ao escândalo das escutas, a revista local Semana publicou gravações em que se ouve Benedetti ameaçando Sarabia de que revelaria a existência de financiamento ilegal de 3,5 milhões de dólares (cerca de R$ 17 milhões, na cotação atual) à campanha de Petro.
A autoridade eleitoral do país investiga a origem desses recursos e o suposto financiamento irregular da campanha do presidente.
L.Muratori--NZN