O.J. Simpson, o astro do futebol americano que caiu em desgraça
O.J. Simpson, que morreu aos 76 anos na última quarta-feira (10), será lembrado como o astro do futebol americano que foi julgado e absolvido pelo assassinato de sua ex-mulher, um veredicto que não o impediu de cair em desgraça.
Orenthal James Simpson era considerado um deus nos Estados Unidos e sua fama não diminuiu quando ele pendurou as chuteiras e entrou para o mundo do entretenimento.
Mas o assassinato de sua ex-esposa Nicole Brown Simpson e de um amigo, Ron Goldman, o levou do Olimpo para o banco dos réus em 1994, no chamado "julgamento do século".
O júri o considerou inocente, embora mais tarde ele tenha sido considerado culpado em um tribunal civil e condenado a pagar US$ 33,5 milhões em indenizações, uma conta que ele nunca acertou.
O ex-atleta, no entanto, não conseguiu evitar a prisão quando foi detido em Las Vegas em 2007 por sequestro e assalto à mão armada a dois colecionadores de objetos esportivos. Condenado a 33 anos de reclusão, ele passou nove anos na prisão para sair em liberdade condicional em 2017.
- Da pobreza ao estrelato -
Simpson nasceu em 9 de julho de 1947 em San Francisco. Seu pai abandonou a família quando ele tinha cinco anos, deixando-o sob os cuidados da mãe em um lar muito pobre. Suas pernas ficaram deformadas devido a um raquitismo, pela falta de vitaminas e cálcio.
Sem dinheiro para pagar uma operação, sua mãe o obrigou a usar aparelhos ortopédicos rudimentares e a calçar sapatos nos pés opostos para fortalecer as pernas. O método funcionou tão bem que ele conseguiu correr 100 jardas (91,4 metros) em 9,9 segundos.
Considerado um "menino problemático", passou uma semana na prisão aos 15 anos por roubar uma loja de bebidas. Após ser libertado, encontrou o astro do beisebol Willie Mays, que o orientou a ficar longe de problemas e a explorar seu talento.
Ele então começou a correr na dura pista de um projeto de habitação social em San Francisco e de lá se catapultou para a fama e glória do futebol americano no Buffalo Bills.
Simpson ganhou o cobiçado Troféu Heisman em 1968 e, em 1973, faturou prêmio de Jogador Mais Valioso da NFL (Liga esportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos). Em 1985, ele entrou no Hall da Fama da NFL.
Sem o desejo de deixar o estrelato, mas ciente da limitação de suas pernas, iniciou uma carreira menos brilhante como comentarista esportivo e depois se concentrou em Hollywood.
Ele declarou ter tido sorte de entrar no mundo do cinema quando os atores negros passaram a ser mais requisitados, mas os filmes em que trabalhou não tiveram muita repercussão, com exceção de alguns sucessos, como "Inferno na Torre" (1974) e "Capricórnio Um" (1977).
O setor publicitário, pelo contrário, lhe rendeu reconhecimento e muito dinheiro, com anúncios de marcas renomadas, incluindo a locadora de automóveis Hertz.
- Principal suspeito -
Em 1977, conheceu Nicole Brown, então com 18 anos e garçonete de uma boate quando ele já era uma estrela.
Separou-se da primeira esposa, com quem teve três filhos, e em 1985 se casou com Brown, com o qual foi pai de duas meninas. Eles se divorciaram em 1992.
Dois anos mais tarde, em 12 de junho, Brown e Goldman foram encontrados mortos a facadas do lado de fora da residência de Nicole, em um subúrbio de Los Angeles.
Simpson se tornou o principal suspeito dos assassinatos brutais.
Após não se entregar à Justiça, a polícia o perseguiu por horas pelas rodovias da metrópole californiana, operação que foi transmitida ao vivo e se tornou um dos principais fenômenos midiáticos do país.
Seu longo julgamento — que foi tema de diversos documentários e séries televisivas e que captou a atenção de grande parte do mundo — terminou com um veredicto de inocência que dividiu o país.
Em 2007, foi preso em Las Vegas por sequestrar e roubar à mão armada dois colecionadores de objetos esportivos. O caso lhe custou 33 anos de prisão, dos quais cumpriu a pena mínima e foi libertado em 2017.
Na quarta-feira, O.J. Simpson "sucumbiu à batalha contra o câncer", escreveu sua família na rede social X.
D.Graf--NZN