Trump retorna ao tribunal e seleção do júri avança atribulada
Donald Trump retornou, nesta quinta-feira (18), ao tribunal de Nova York, onde o juiz do primeiro julgamento criminal de um ex-presidente dos Estados Unidos tentava concluir a seleção do júri em um delicado processo no qual dois dos sete primeiros selecionados foram descartados.
Uma havia expressado ao juiz de origem colombiana Juan Merchan seu medo de que sua identidade fosse revelada e o outro foi dispensado depois que a Promotoria manifestou dúvidas sobre a veracidade de suas respostas.
Mas, apesar desses últimos contratempos, Merchan espera começar na segunda-feira com as alegações do caso antes do início do desfile de testemunhas, em um processo que deve durar seis semanas.
Por razões de segurança e intimidação, a imparcialidade e o anonimato são essenciais para definir um júri que terá a enorme responsabilidade de selar o destino do primeiro ex-presidente a sentar no banco dos réus na história do país, e que aspira a voltar à Casa Branca com o Partido Republicano nas eleições de novembro.
O juiz pediu à imprensa que não divulgue detalhes sobre os potenciais candidatos, que têm de responder a um questionário de 42 perguntas sobre a sua profissão, local de trabalho, jornais que leem e redes sociais que utilizam, que tanto a defesa como a acusação escrutinam com uma lupa para determinar suas inclinações políticas.
Depois de uma primeira triagem, dos 96 novos potenciais candidatos convocados nesta quinta, menos da metade permaneceram em disputa, depois de duvidarem de sua imparcialidade em um julgamento que o republicano tenta politizar denunciando ser vítima de uma "caça às bruxas".
A Promotoria de Manhattan acusa o magnata de 34 falsificações de documentos contábeis da empresa da família, Trump Organization, para comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô por um caso extraconjugal, para que não interferisse na campanha de 2016 que ele venceu contra a democrata Hillary Clinton.
- Veredicto unânime -
Para ser considerado culpado, Trump, de 77 anos, que se diz inocente, precisa de um veredicto unânime do júri.
Tanto a acusação como a defesa podem recusar 10 candidatos a jurados cada um, o que despertou a ira de Trump, na sua plataforma Truth Social, por considerar que este número "não é suficiente" em uma cidade que vota predominantemente democrata.
Merchan teve que chamar a atenção de Trump na terça-feira por seus comentários a respeito de uma candidata, e alertou-o que "não tolerará qualquer intimidação" dos jurados.
O juiz já marcou uma audiência para a próxima semana para analisar se Trump deve ser detido por desacato por violar repetidamente uma ordem que o proíbe de falar de pessoas ligadas ao caso.
Entre as testemunahs da Promotoria está o ex-advogado pessoal do magnata, Michael Cohen, que foi quem pagou do próprio bolso a ex-atriz pornô Stormy Daniels, fazendo o valor passar por despesas legais. Cohen foi condenado após se declarar culpado.
Trump critica o fato de ter que estar no tribunal em vez de fazer campanha política, como o presidente democrata Joe Biden, seu adversário quase certo nas eleições, a quem acusa de orquestrar uma cruzada judicial contra ele.
"Deveria estar agora mesmo na Pensilvânia, na Flórida, em muitos outros estados, na Carolina do Norte, na Geórgia, em campanha", disse na terça-feira.
Além do julgamento em Manhattan, Trump tem outras frentes judiciais abertas por tentar reverter os resultados eleitorais de 2020 para permanecer na Casa Branca e pelo manuseio de documentos secretos após deixar a presidência em 2021. É pouco provável, porém, que esses casos sejam julgados antes das eleições presidenciais deste ano.
E.Leuenberger--NZN