Jornalistas são acusados de 'extorsão' ligada a ex-ministro na Venezuela
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou jornalistas, nesta terça-feira (7), de fazerem parte de "uma estrutura de extorsão” financiada pelo ex-ministro do Petróleo Tareck El Aissami, uma acusação chamada pelos profissionais da imprensa de “manobra difamatória”.
El Aissami foi preso no mês passado por desvio de fundos da estatal do petróleo PDVSA. Segundo Saab, ele “tinha a seu serviço uma estrutura de mídia extorsiva para atacar as autoridades do Estado”.
O procurador citou comunicadores do portal de jornalismo investigativo ArmandoInfo, que fez diversas denúncias de irregularidades em empresas e projetos estatais, além de outros jornalistas. Todos estão fora do país.
O procurador denunciou “campanhas de guerra suja” contra políticos e empresários contrários aos interesses do ex-ministro, exigindo deles pagamentos de até 100 mil dólares (506 mil reais) para “suavizar” ou “remover” publicações, e afirmou que "contas fantasma" em redes sociais eram usadas com esse fim.
Saab divulgou um vídeo do empresário detido Samark López, braço direito de El Aissami, no qual ele afirma que comunicadores recebiam pagamentos do entorno de El Aissami.
El Aissami, que foi um colaborador próximo do presidente Nicolás Maduro e do seu antecessor Hugo Chávez (1999-2013), foi preso por desvio de receita da venda de petróleo bruto por meio de criptoativos, um mecanismo fracassado concebido para driblar as sanções dos Estados Unidos contra Venezuela.
O desfalque é estimado em quase 17 bilhões de dólares (86 bilhões de reais). Mais de 60 pessoas foram presas em virtude desse caso.
Edwald Scharfenberg, Roberto Deniz e outros dois jornalistas do ArmandoInfo exilaram-se em 2018, depois de terem sido processados pelo empresário colombiano Alex Saab, contratista do governo, por denunciarem a corrupção em um programa estatal de distribuição de alimentos, o que sindicatos da imprensa consideraram "um ato de perseguição".
O promotor também acusou a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) de financiar reportagens contra o governo de Nicolás Maduro, que buscará a reeleição em julho.
T.Furrer--NZN