Terceira semana de julgamento de Trump é marcada por depoimento de Stormy Daniels
O julgamento de Donald Trump encerra, nesta sexta-feira (10), uma terceira semana marcada pelo depoimento explosivo da ex-atriz pornô Stormy Daniels, no centro do caso que colocou pela primeira vez um ex-presidente dos Estados Unidos no banco dos réus.
Daniels descreveu em detalhes o suposto caso extraconjugal que teria mantido com o magnata em 2006, que ele sempre negou, e garantiu que não o extorquiu para que lhe pagasse 130.000 dólares (R$ 670.000 na cotação atual) em troca de seu silêncio.
Com 77 anos, Trump é acusado de falsificar 34 documentos contábeis para ocultar o pagamento desta quantia a Daniels, fazendo-o passar como honorários de seu então advogado Michael Cohen na reta final das eleições de 2016, quando venceu Hillary Clinton.
Ao longo de quase oito horas de interrogatório na terça e na na quinta-feira, Daniels deixou o caminho livre para que o tribunal convocasse Cohen, atual inimigo declarado de Trump.
A mulher relatou ao júri sobre o encontro com Trump em um torneio de golfe e o acordo financeiro que, segundo ela, ocorreu em seguida.
Em seu depoimento, descreveu o pijama usado pelo magnata, sua cueca e os detalhes da relação sexual, na qual ele não teria usado preservativo.
E embora não tenha sido "ameaçada verbal nem fisicamente", disse que havia se sentido "envergonhada por não tê-lo impedido, por não ter dito não".
Os advogados de Trump chegaram a pedir a anulação do julgamento na terça e na quinta-feira, alegando que o depoimento de Daniels é "extremamente prejudicial" para um caso que versa essencialmente sobre registros contábeis relacionados às eleições. O juiz Juan Merchan, no entanto, rejeitou o pedido.
- Muito envolvido em seus negócios -
Após dois dias de depoimentos sob os holofotes, Madeleine Westerhout, ex-diretora de operações do Salão Oval da Casa Branca, depõe nesta sexta-feira.
A ex-funcionária, que escreveu um livro sobre a experiência de trabalhar na Casa Branca, descreveu seu antigo chefe como uma pessoa muito envolvida em todos as frentes de seus negócios, incluindo a assinatura de cheques para a empresa familiar Trump Organization quando ele era presidente.
O magnata, que aspira à reeleição na votação presidencial de novembro, foi sancionado por uma ordem de Merchan para que não fale sobre testemunhas, júri ou funcionários do tribunal em suas redes sociais, o que lhe custou 10.000 dólares (pouco mais de R$ 50.000) em multas por desacato.
Seu advogado exigiu que Trump fosse autorizado a responder publicamente às afirmações de Daniels sobre seu encontro, agora que ela já prestou depoimento, mas o juiz rejeitou a solicitação.
Além do caso de Nova York, o republicano foi acusado em Washington e na Geórgia de conspirar para anular os resultados das eleições de 2020 e, na Flórida, de supostamente fazer mau uso de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca, mas este último caso foi adiado indefinidamente.
O.Pereira--NZN