Ex-homem de confiança de Trump segue acusando o republicano
Michael Cohen, ex-homem de confiança de Donald Trump, retornou nesta terça-feira (14) ao tribunal de Manhattan para ser interrogado pelos advogados do republicano, em um julgamento cada vez mais politizado sobre pagamentos secretos à ex-atriz pornô Stormy Daniels.
Cohen, que trabalhou para Trump de 2006 a 2018 como advogado pessoal e "faz-tudo", disse aos promotores na segunda-feira que agiu a pedido de seu então chefe.
“Fiz tudo o que pude e ainda mais para proteger o meu patrão e já o fazia há muito tempo”, admitiu.
Cohen pagou a Daniels 130 mil dólares (R$ 668 mil na cotação atual) do próprio bolso na reta final das eleições de 2016, para que ela não revelasse uma suposta relação sexual com Trump ocorrida dez anos antes, com o objetivo de evitar um escândalo que poderia ter sido fatal para as pretensões do republicano.
Trump devolveu 420 mil dólares (R$ 2, 16 milhões cotação atual) que incluíam impostos e serviços prestados, em 11 cheques, a maioria assinados de próprio punho, depois de Cohen ter apresentado faturas de despesas legais.
O último pagamento foi feito em 1º de dezembro de 2017, quando o magnata ainda era presidente, conforme documentos apresentados em juízo.
O caso Stormy Daniels foi um dos vários escândalos que Trump tentou reprimir às vésperas da eleição na qual derrotou a ex-primeira-dama e ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
O atual candidato republicano às eleições de novembro teria então manifestado o seu receio pelo efeito “catastrófico” que estas revelações e o “ódio” por parte do eleitorado feminino iriam causar.
Cohen, apelidado de“pitbull” pelo zelo em proteger seu ex-chefe, já se declarou culpado e foi condenado a três anos de reclusão – tendo cumprido apenas 13 meses e mais um ano e meio em prisão domiciliar – por mentir ao Congresso, e também por crimes financeiros e eleitorais, além de ter perdido a licença para advogar.
- "Instrumentalizado" -
"Este não é um julgamento de Donald Trump. É um caso do Partido Democrata contra os Estados Unidos", afirmou o candidato do Partido Republicano às eleições de novembro, contra o atual ocupante da Casa Branca, Joe Biden.
“É o maior esforço para interferir e roubar uma eleição federal na história política americana”, disse Trump ao chegar ao tribunal, que também contou com a presença do presidente da Câmara dos Representantes do Congresso, o republicano Mike Johnson.
Johson declarou que o sistema de justiça está sendo “instrumentalizado” contra Trump , primeiro ex-presidente a se tornar réu na justiça criminal e que frequentemente diz ser vítima de um "caça às bruxas".
Os promotores de Manhattan acusam Trump de falsificar 34 documentos contábeis. Ainda que seja condenado à prisão, o ex-mandatário, que tem 77 anos, poderá concorrer à presidência nas eleições de 5 de novembro e, se for eleito, vai retornar à Casa Branca em 20 de janeiro de 2025.
Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de tentar anular os resultados das eleições de 2020 e de levar documentos confidenciais ao deixar o governo em 2021, embora este último julgamento tenha sido adiado indefinidamente.
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R.Bernasconi--NZN