Polícia faz operação em dez favelas do Rio para travar guerra entre traficantes e milícia
O governo do estado do Rio de Janeiro lançou, nesta segunda-feira (15), uma vasta operação policial em dez favelas da zona oeste da cidade para travar a "guerra" entre traficantes e milícias na região.
Cerca de 2 mil agentes da Polícia Militar, da Polícia Civil e de outras forças de ordem participaram da operação desde a madrugada, segundo o governo, em comunidades como Cidade de Deus, Gardênia Azul e Rio das Pedras.
A operação, que não tem data para acabar, visa "acabar com essa guerra que está conflagrada hoje entre tráfico e milícia nessa parte da zona oeste do Rio", disse o governador Cláudio Castro, em entrevista coletiva em uma delegacia da Barra da Tijuca.
"É uma área que a gente sabe que o CV (Comando Vermelho) tem tentado retomar das milícias", acrescentou Castro, referindo-se à principal facção do Rio. "Não há lugar nesse estado onde o poder publico não entre. Trabalharemos para a retomada da ordem nessa região", acrescentou o governador.
Na Cidade de Deus, sob domínio do CV, havia forte presença policial na manhã desta segunda-feira, incluindo agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), afirmou um jornalista da AFP.
As primeiras horas passaram sem confrontos e a população parecia seguir a sua vida normalmente.
Esse tipo de operação é frequente na cidade do Rio, onde a polícia costuma confrontar os traficantes com trocas de tiros e a população sofre em meio ao fogo cruzado. Especialistas criticam essa abordagem, alegando que tem baixa eficácia contra as organizações criminosas.
Em 2023, o Comando Vermelho controlava 51,9% dos territórios do Rio de Janeiro e região metropolitana que estavam sob controle de um grupo armado, segundo o Mapa Histórico dos Grupos Armados do Rio de Janeiro, elaborado pelo instituto Fogo Cruzado e pela Universidade Federal Fluminense.
A zona oeste do Rio é o berço histórico das milícias, grupos armados que extorquem moradores em troca de "proteção", controlam serviços básicos e nos últimos anos também se aventuraram no tráfico de drogas e armas.
A.Weber--NZN