Bitcoin, rainha das criptomoedas
O bitcoin, que acaba de ultrapassar a cotação de 100 mil dólares (605 mil reais na cotação atual), é a criptomoeda mais popular, embora cercada de mistérios, escândalos e uma reputação ainda incerta.
- Um criador misterioso -
Nos 16 anos desde a invenção do bitcoin, ninguém foi capaz de identificar seu fundador com total certeza.
Tudo começou em outubro de 2008, quando um "livro branco" de nove páginas atribuído a Satoshi Nakamoto apresentou os princípios desta moeda virtual que "permitiria que pagamentos online fossem feitos sem passar por uma instituição financeira".
A ideia era escapar do controle dos bancos centrais, tradicionalmente as únicas instituições que podiam criar dinheiro.
Seria Satoshi Nakamoto um nome verdadeiro? Um pseudônimo? Uma equipe de pessoas? Há várias teorias, mas o mistério persiste.
Um cientista da computação australiano chamado Craig Wright afirmou ter escrito o livro branco, mas a Corte Superior de Justiça de Londres descartou que se tratasse do mítico Nakamoto.
Desde sua criação, o bitcoin recebeu acusações de ser a moeda utilizada na dark web para pagamentos ilegais sem deixar rastros. É também a moeda exigida pelos hackers em seus ataques cibernéticos.
- Escândalos -
O mundo cripto foi abalado por falências de grandes companhias e pela ruína de empresários famosos.
Changpeng Zhao, que foi chefe da Binance, a maior plataforma de criptomoedas, foi condenado nos Estados Unidos a quatro meses de prisão por violar as leis contra lavagem de dinheiro.
"Não tenho nenhum desejo de ser diretor novamente. Mas certamente não me importaria com um indulto", escreveu Zhao esta semana no X, pedindo clemência a Donald Trump quando assumir o cargo em janeiro.
A principal concorrente da Binance, a FTX, declarou falência no final de 2022 e seu fundador, Sam Bankman-Fried, foi condenado em março a 25 anos de prisão por fraude e conspiração.
Sua queda manchou a reputação do setor, mas a indústria insiste em mais clareza na regulamentação, uma exigência liderada por Bankman-Fried.
- Rumo à credibilidade -
Os investidores em bitcoin comemoraram nesta quinta-feira a decisão de Trump de colocar um defensor da criptomoeda à frente da Comissão de Valores Mobiliários, a reguladora dos Estados Unidos, reforçando seu otimismo em relação a uma maior benevolência da futura administração a este setor.
Embora grande parte do entusiasmo em torno do bitcoin seja especulativo, a moeda ganhou alguma credibilidade nos últimos anos.
Os reguladores financeiros americanos aprovaram fundos cotados em bitcoin em janeiro, permitindo que um público mais amplo invista nesta criptomoeda sem ter que comprá-la diretamente.
Em setembro de 2021, El Salvador tornou-se o primeiro país a aceitar o bitcoin como moeda legal, embora não tenha conquistado sua população.
Segundo um estudo da Universidade Centro-Americana, 88% dos salvadorenhos nunca o usaram em 2023.
- Número limitado -
O bitcoin é baseado na tecnologia blockchain, um banco de dados descentralizado que permite armazenar e trocar informações de forma segura, secreta e inalterável. Cada transação é registrada em tempo real em um arquivo que não pode ser modificado.
Bitcoins são criados (ou "extraídos") como uma "recompensa" quando computadores potentes e que consomem muita energia resolvem problemas complexos. Os chamados "mineradores" validam as transações para criar bitcoins.
Para evitar um crescimento descontrolado, Satoshi Nakamoto limitou o número global de moedas a 21 milhões, nível que deverá ser alcançado até 2140.
A cada quatro anos, a recompensa para os "mineradores" é reduzida à metade, desacelerando a introdução de novas bitcoins no mercado e aumentando seu valor, tornando-as mais escassas.
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P.Gashi--NZN