Federação Espanhola de Futebol anuncia 'ações judiciais' contra Hermoso; Fifa suspende Rubiales
A Federação Espanhola de Futebol (RFEF) chamou de “mentiras” as últimas acusações da jogadora Jenni Hermoso contra o seu presidente, Luis Rubiales, pelo beijo não consentido após a final da Copa do Mundo vencida pela Espanha, e anunciou “ações judiciais”, enquanto a Fifa anunciou a suspensão provisória do presidente.
“A RFEF e o senhor presidente demonstrarão cada uma das mentiras espalhadas, seja por alguém em nome da jogadora ou, se for o caso, pela própria jogadora”, disse a agência em comunicado divulgado na madrugada de sexta para sábado, depois que a espanhola disse que se sentiu “vítima de agressão” por causa do beijo na boca de Rubiales.
A RFEF indicou que iniciará “as ações judiciais correspondentes” para defender a versão do seu presidente, que se recusou a renunciar na sexta-feira, e que considerou que se tratou de um gesto “consentido”.
A internacional espanhola Jenni Hermoso, de 33 anos, garantiu na tarde desta sexta-feira que se sentiu “vulnerável e vítima de agressão” ao receber um beijo de Luis Rubiales no domingo, após a final da Copa, depois de ter afirmado que o beijo “não foi consentido”.
Poucas horas antes, Hermoso havia garantido, em um primeiro comunicado do seu sindicato FUTPRO, que “em nenhum momento” consentiu aquele beijo, desmantelando a defesa de Luis Rubiales.
Em seu comunicado, a federação cita o da FUTPRO, no qual Hermoso afirma: “Em nenhum caso procurei levantar o presidente”.
Neste sábado, a Fifa anunciou a suspensão provisória de Rubiales pelo beijo forçado.
"Hoje decidimos a suspensão provisória do senhor Luis Rubiales de todas as atividades relacionadas com o futebol a nível nacional e internacional", afirmou o órgão dirigente do futebol mundial em comunicado, explicando que a suspensão durará um período inicial de 90 dias "e enquanto tramitar o processo disciplinar aberto".
- "Pés levantados do chão" -
A RFEF acompanha seu comunicado com quatro fotos para defender sua versão de que foi a jogadora quem levantou o presidente do chão, e não o contrário.
“Os pés do senhor presidente estão clara e manifestamente levantados do chão em consequência da ação de força exercida pela jogadora”, explica a RFEF.
A federação também respondeu às jogadoras internacionais, que anunciaram na sexta-feira a sua recusa em voltar a jogar com a seleção sob a direção dos atuais dirigentes da RFEF.
No seu comunicado, a RFEF lembra que “a participação na seleção é uma obrigação de todos os membros da federação, caso sejam chamados a fazê-lo”.
De forma inesperada e apesar da pressão, o dirigente máximo do futebol espanhol recusou-se a apresentar a sua demissão na sexta-feira, na assembleia geral extraordinária da sua Federação, reunida em Las Rozas, nos arredores de Madri.
No cargo desde 2018, Rubiales, ex-jogador profissional, lançou um contra-ataque, afirmando que o beijo foi “mútuo” e “consentido”, e que teve autorização da jogadora para fazê-lo, ao mesmo tempo em que ataca o “falso feminismo”.
Este caso, o chamado “#MeToo do futebol espanhol”, provocou uma avalanche de críticas contra Luis Rubiales no mundo político e esportivo.
- "Suspensão de funções" -
O próprio governo espanhol também anunciou medidas contra Rubiales. Na sexta-feira, o secretário de Estado para o Esporte, Víctor Francos, anunciou a apresentação de “uma denúncia fundamentada ao TAD (Tribunal Administrativo do Esporte) para que este avalie” se “o que foi cometido constitui uma falha muito grave”.
Neste sábado, o ministro de Esportes, Miquel Iceta, afirmou em entrevista ao jornal El País que, caso o TAD aceite a denúncia do Executivo, “procederemos de imediato à suspensão das funções de presidente da federação”.
“O Governo não vai ficar impassível diante do que consideramos uma atitude inaceitável que prejudica os direitos das jogadoras de futebol e que mancha a imagem do nosso esporte a nível nacional e internacional”, acrescentou Iceta.
Hermoso, jogadora do Pachuca, também recebeu nas últimas horas o apoio da Liga Mexicana de Futebol Feminino e de seus clubes.
O caso mancha a imagem do esporte espanhol, enquanto o país é candidato à organização da Copa do Mundo de futebol masculino de 2030 juntamente com Portugal e Marrocos, cuja atribuição está prevista para o final do próximo ano.
E.Leuenberger--NZN