Organizadores são acusados por 'tragédia anunciada' na arquibancada do Maracanã
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e as autoridades responsáveis pela segurança do superclássico entre Brasil e Argentina foram acusadas nesta quarta-feira (22) de permitirem uma "tragédia anunciada" nas arquibancadas do Maracanã, antes do jogo disputado na terça.
Na véspera da partida, que terminou com vitória da 'Albiceleste' por 1 a 0, a Associação Nacional de Torcidas Organizadas (Anatorg) havia alertado que, caso não fosse definido um setor visitante, as torcidas do Brasil e da Argentina estariam "no mesmo espaço da arquibancada".
Pouco antes do início do jogo, ocorreram incidentes entre torcedores distribuídos pelas arquibancadas em setores mistos e a polícia, atrasando em cerca de 30 minutos a partida das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
Imagens de televisão mostraram policiais espancando torcedores com cassetetes. Alguns ficaram com os rostos ensanguentados e ferimentos no corpo.
Do campo, os jogadores argentinos pediram calma até que o capitão, Lionel Messi, levou o time para o vestiário e só voltaram quando a situação estava controlada.
Após os graves confrontos, a Anatorg culpou a CBF e as autoridades pela "tragédia anunciada" e seu "descaso", em nota publicada nas redes sociais.
A CBF justificou, por sua vez, que a torcida mista não é "um modelo inventado ou imposto" pela entidade, mas sim responde a "um padrão nas competições organizadas pela Fifa e pela Conmebol" implementado em outras ocasiões, como na semifinal da Copa América de 2019, destacou em um comunicado divulgado nesta quarta-feira.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, repudiou a violência "inaceitável" no futebol: "Sem exceção, todos os jogadores, torcedores, funcionários e dirigentes precisam estar seguros e protegidos", escreveu no Instagram, e pediu esta garantia "às autoridades competentes".
A CBF destacou que os planos de ação e segurança, que incluíam torcidas mistas, "foram aprovados sem ressalvas ou recomendações" pela polícia, poder público, empresa concessionária do estádio e demais participantes de diversas reuniões organizacionais.
No entanto, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) garantiu em nota enviada à AFP que "só foi informada sobre os critérios de venda de ingressos (...) sem divisão de torcedores em uma reunião realizada em 16 de novembro, dois dias depois do início da venda dos ingressos", quando já estavam esgotados, explicou.
Segundo a versão policial, "inicialmente, a venda para torcedores argentinos foi direcionada para o setor sul do estádio (onde ocorreu o confronto); e depois o setor foi liberado" como torcida mista.
A segurança nas arquibancadas "ficou a cargo de empresa especializada contratada pela CBF", diz o comunicado em que a PMERJ afirma ter "cumprido rigorosamente sua missão, nos termos da legislação vigente".
Após a vitória argentina, Messi comemorou nas redes sociais, mas reclamou da "repressão" aos argentinos: "Isso não pode ser tolerado, é uma loucura e tem que acabar já!!", escreveu.
O.Hofer--NZN