Partido retira apoio a Guaidó para as primárias da oposição venezuelana
O líder opositor venezuelano Juan Guaidó, exilado nos Estados Unidos, deixará de ser o candidato do partido Voluntad Popular (Vontade Popular, em tradução literal para o português) para as primárias que definirão, em outubro, o rival do presidente Nicolás Maduro em 2024 — informou a organização política nesta sexta-feira (5).
A legenda que foi fundada por Leopoldo López, exilado na Espanha e da ala mais radical da oposição, retirou seu apoio a Guaidó depois de tê-lo proclamado candidato em 7 de março.
"O Voluntad Popular decidiu que o nosso escolhido para essas eleições primárias é o nosso irmão Freddy Superlano", disse Desiree Barboza, integrante da direção nacional do partido.
"Quem melhor que um homem que ganhou do chavismo, não uma, mas duas vezes", completou.
Superlano venceu as eleições para governadores em Barinas (oeste), estado natal do falecido presidente venezuelano, Hugo Chávez, e um reduto governista, em novembro de 2021. O Tribunal Supremo anulou o resultado, porém, argumentando que o vencedor estava inabilitado por investigações judiciais, e ordenou a repetição da eleição, que foi disputada em janeiro com uma vitória do opositor designado pelo próprio Superlano.
O opositor continua inabilitado, como outros candidatos às primárias, mas o partido confia em conseguir o fim dessa medida, por meio da mesa de negociação iniciada no México e paralisada em novembro passado.
As eleições primárias estão previstas para 22 de outubro, à espera da disputa presidencial de 2024. A data ainda não foi estabelecida.
Guaidó desembarcou nos Estados Unidos há dez dias, procedente da Colômbia. Disse ter sido expulso do país vizinho, após chegar de surpresa em 24 de abril para tentar se reunir com delegações internacionais que participariam de uma cúpula sobre a Venezuela, promovida pelo presidente Gustavo Petro.
Seu retorno à Venezuela está descartado no momento. Na quarta-feira (3), afirmou que, se voltar, "poderá ter o destino" de Alexei Navalny, um ativista preso na Rússia.
"No exílio, dificilmente poderá conduzir uma candidatura", disse Barboza. "Hoje, [Guaidó] inicia um novo papel", completou. "Guaidó será um porta-voz a mais da tragédia que nosso país vive".
Guaidó se elegeu deputado pelo VP e foi em sua condição de líder do Parlamento que se proclamou presidente encarregado da Venezuela, com apoio dos Estados Unidos e de outros 50 países.
Exerceu esse papel até janeiro e, desde então, sua popularidade despencou. Ainda assim, recebeu o apoio do partido para participar das primárias. Conta também com o suporte de outras seis organizações políticas.
R.Bernasconi--NZN