Estado mais populosos do México vai às urnas em eleição-chave a um ano das presidenciais
Milhões de mexicanos votam, neste domingo (4), para eleger um novo governante para o estado mais populoso do país, onde o movimento do presidente Andrés Manuel López Obrador poderia consolidar o seu domínio, assumindo o último grande bastião do outrora hegemônico PRI a um ano das presidenciais.
As eleições do estado do México (centro), que levam 12,6 milhões de eleitores às urnas, são também um ensaio geral e a bandeirada de partida na corrida pela presidência em 2024, segundo analistas.
Delfina Gómez, a candidata do Morena, é franca favorita nas pesquisas à frente de Alejandra del Moral, do Partido Revolucionário Institucional (PRI). São as duas únicas opções de voto, já que outros partidos optaram por se aliar ao Morena ou ao PRI.
Uma eventual vitória de Gómez terminaria com quase um século de governos ininterruptos do PRI nesse estado, seu último grande bastião eleitoral.
"Espero que seja uma jornada para o bem dos mexicanos e que seja muito tranquila", disse Gómez aos jornalistas ao se dirigir à cabine de votação no município de Texcoco, de onde foi prefeita de 2013 a 2015.
- "Momento de mudança" -
Nessa localidade de 277.000 habitantes, Jorge Alvarado, um engraxate de 50 anos, opina que é "sempre o mesmo" com os políticos, pois "prometem e não cumprem nada" diante dos problemas como o custo de vida e a criminalidade.
"É momento de mudança", disse à AFP, com esperanças de ver alternância democrática no estado.
"Vivi com governos de corrupção e não quero que as futuras gerações, incluindo meus netos, vivam isso", afirmou Jimena Monse, de 54 anos, enquanto esperava sua vez para votar.
O estado do México é um dos mais violentos do país, com alta taxa de homicídios e desaparecimentos em suas localidades mais pobres, agravadas também pela impunidade e corrupção de suas autoridades.
Em contraste, o "Edomex" - como o chamam - abriga também grandes indústrias (Nestlé, Ford) e atrações turísticas como as ruínas pré-hispânicas de Teotihuacan.
Com 17 milhões de habitantes e um peso econômico equivalente a 9,1% do PIB nacional, "é uma minirepública mexicana" fragmentada entre zonas modernas de tamanho global e outras "profundamente rurais", descreve o cientista político Miguel Tovas.
O Morena, que já governa sozinho ou em coalizão em 22 dos 32 estados mexicanos, alcançaria com o estado do México uma presença territorial comparável aos anos do PRI hegemônico, e asseguraria, por ora, sua imbatível liderança com vistas às presidenciais.
O PRI, qualificado de "ditadura perfeita" pelo Nobel de literatura peruano Mario Vargas Llosa, governou o México e todo os seus estados durante sete décadas do século XX, até 2000.
- Eleição em Coahuila -
Neste domingo, também ocorrem eleições no vasto estado de Coahuila (norte), limítrofe com os Estados Unidos, onde 2,3 milhões de eleitores aptos a votar poderão eleger um novo governador e 25 legisladores do parlamento local.
Diferentemente da situação no estado do México, o Morena exibiu sérias fragilidades em Coahuila com uma raivosa disputa entre os pré-candidatos ao governo, que levou Ricardo Mejía, ex-sub-secretário de Segurança de López Obrador, a romper a aliança governista e se lançar candidato por conta própria.
A divisão prejudicou o candidato morenista Armando Guadiana, que ficou relegado a um distante segundo lugar contra o candidato do PRI, Manolo Jiménez, que ganharia facilmente, mantendo o histórico domínio do partido, que governa esse estado desde 1929.
Nos dois estados, as urnas de votação estarão abertas até às 18H00 locais (21H00, no horário de Brasília).
O.Meier--NZN