Restos achados no Uruguai de provável desaparecido na ditadura são de mulher
Os restos ósseos encontrados este mês em uma propriedade militar no Uruguai, durante escavações no âmbito das buscas por pessoas presas e desaparecidas na última ditadura (1973-1985), pertencem a uma mulher, anunciou, nesta quinta-feira (22), a equipe responsável pelas investigações.
"É um esqueleto do sexo feminino", disse em coletiva de imprensa Alicia Lusiardo, coordenadora do Grupo de Investigação em Antropologia Forense do Uruguai (GIAF), que está conduzindo as escavações.
Os ossos foram encontrados em 6 de junho no Batalhão Nº14, em Toledo, Canelones, cerca de 25 km ao norte de Montevidéu, uma unidade do Exército que funcionou como centro de detenção e tortura durante o regime cívico-militar.
"Não foram encontradas vestimentas associadas a esses restos nem qualquer objeto pessoal. O esqueleto está essencialmente completo, o que não significa que todos os ossos estejam completos", informou Luisardo.
Foi possível determinar o sexo "por características visuais e métricas", mas não a idade nem a estatura "devido aos danos que alguns ossos sofreram", acrescentou.
Luisardo explicou que o corpo foi enterrado em uma vala escavada na rocha, na qual cal foi colocada abaixo e acima do cadáver. "A cal preserva muito bem o material genético, então acreditamos que teremos boas chances" de recuperar o DNA, afirmou.
As amostras de DNA, que ainda devem ser extraídas, serão enviadas ao Laboratório da Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) em Córdoba, Argentina, especializado na identificação de pessoas desaparecidas.
O ministro da Defesa, Javier García, disse que espera que a transferência seja concretizada "no final desta semana ou no início da próxima".
Segundo especialistas, o resultado da análise de DNA pode ser conhecido em um prazo de três semanas a um mês.
Oficialmente, contabilizam-se 197 pessoas desaparecidas devido a ações atribuídas ao Estado uruguaio entre 1968 e 1985, período que inclui a ditadura e a agitação social prévia. A grande maioria foi detida na Argentina, no contexto do Plano Condor de colaboração entre os regimes militares.
Y.Keller--NZN