Procurador-geral da Venezuela se reúne com advogado de rival de Maduro
A defesa de Edmundo González Urrutia, rival do mandatário de esquerda Nicolás Maduro nas eleições presidenciais, reuniu-se nesta quarta-feira (4) com o procurador-geral da Venezuela, dois dias após ter sido emitida uma ordem de prisão contra o opositor.
O advogado José Vicente Haro apresentou um documento legal em nome de González, que vive na clandestinidade desde 30 de julho passado, no qual pediu para "não criminalizar" a política e evitar uma "perseguição".
"O objetivo era apresentar um documento no qual se esclarecem todos os detalhes pelos quais Edmundo González Urrutia não compareceu no exercício de seus direitos e garantias, preservando toda a sua integridade física", disse Haro a jornalistas.
González, que denuncia fraude na reeleição de Maduro e afirma ter vencido a disputa, é solicitado, entre outros crimes, por "desobediência às leis" e "conspiração".
O opositor se dirigiu ao procurador-geral Tarek William Saab, alinhado ao chavismo, através do documento apresentado por sua defesa.
"Estimo que tal comparecimento só poderia contribuir para intensificar ainda mais a tensão social, além de consolidar um contexto de judicialização incriminatória da política que todos devemos rejeitar", indicou González no documento.
"Nesse sentido, é preciso ter em mente que, nas últimas semanas, foram emitidas declarações públicas de altos porta-vozes governamentais e de outras instituições do Estado que me condenam antecipadamente e, como digo, sem fundamento", acrescentou o opositor no texto.
O Ministério Público compartilhou em sua conta no Instagram uma fotografia de Saab durante o encontro com a defesa de González. "Amanhã [quinta-feira] iremos revelar toda a verdade", indicou Saab na publicação.
A investigação contra o diplomata de 75 anos concentra-se na difusão de cópias das atas eleitorais em uma página web. De fato, ele também é acusado de "usurpação de funções" e "sabotagem".
A oposição liderada por María Corina Machado assegura que essa plataforma é prova da vitória de González com mais de 60% dos votos na eleição em que Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro mandato, sem que as autoridades apresentassem a apuração detalhada como exige a lei.
O documento que Haro levou ao Ministério Público, que motivou a reunião, justifica a ausência de seu defendido nas três citações emitidas por esse departamento e que resultaram no pedido de prisão.
"Há uma situação de desamparo, de impossibilidade de garantir seu direito à defesa, ao devido processo", disse Haro mais cedo.
Machado também se encontra em clandestinidade.
Opositores e juristas afirmam que a justiça venezuelana opera a serviço do chavismo.
F.Schneider--NZN