Blinken viaja ao Haiti em demonstração de apoio à luta contra gangues
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou a Porto Príncipe, capital do Haiti, nesta quinta-feira (5), para uma breve visita destinada a demonstrar seu apoio às novas autoridades e avaliar os "esforços de estabilização" no país caribenho.
A visita de Blinken ocorre, segundo Washington, em um "momento crucial" para o Haiti, abalado por uma onda de violência de gangues que provocou uma grave crise humanitária.
Ao chegar no aeroporto internacional Toussaint-Louverture, recentemente reaberto após um fechamento provocado por ataques de grupos armados, Blinken se deslocou em um comboio blindado pela capital.
O Secretário de Estado americano se reuniu com o coordenador do Conselho Presidencial de Transição, Edgard Leblanc Fils, e com o primeiro-ministro interino, Garry Conille.
"Acho que este é um momento de grande desafio, mas também um momento de esperança para o Haiti", disse Blinken após sua reunião com Leblanc Fils.
Sobre o objetivo de convocar eleições no início de 2026, Blinken celebrou os recentes avanços das novas autoridades, embora tenha sublinhado a necessidade de criar "em breve" um conselho eleitoral. A última vez que os haitianos votaram foi em 2016.
Em um país devastado pela violência de gangues, Blinken declarou que "a segurança é a base para todo o resto" e reiterou o apoio dos Estados Unidos neste aspecto.
- Policiais quenianos -
O Secretário de Estado também planeja visitar o quartel-general da Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MMAS), a força policial liderada pelo Quênia que tenta ajudar os agentes locais a restabelecer a ordem.
Washington, que não disponibiliza tropas para a missão, mas é seu principal fornecedor de fundos e equipamentos, quer que seus aliados aumentem as contribuições para garantir o financiamento.
Com cerca de 400 policiais que chegaram neste verão, dos 2.500 previstos no total, a MMAS demorou para ser implantada, embora "os avanços realizados até o momento têm sido bastante notáveis", disse Conille após seu encontro com Blinken.
Dois meses depois da chegada desta força, os habitantes da capital começam, no entanto, a perder a paciência diante da falta de resultados.
"As gangues continuam atuando e os bandidos nem se importam", declarou recentemente à AFP Watson Laurent, um mototaxista de 39 anos.
A visita de Blinken também coincide com um apagão geral em Porto Príncipe, depois que um grupo de manifestantes atacou uma usina elétrica na segunda-feira.
A violência das gangues se intensificou em fevereiro, quando várias delas se uniram para derrubar o controverso primeiro-ministro Ariel Henry.
Nos últimos 12 meses, a violência dessas gangues, acusadas de assassinatos, saques, estupros e sequestros, deixou mais de 578.000 deslocados, segundo a ONU.
Blinken viaja nesta quinta para a República Dominicana, país vizinho que mantém relações complicadas com o Haiti.
Lá, o chefe da diplomacia americana se encontrará com o presidente Luis Abinader, dias depois de as autoridades dominicanas terem autorizados os Estados Unidos a apreenderem um avião utilizado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, no âmbito das sanções de Washington contra Caracas.
B.Brunner--NZN