Advogado diz que González foi vítima de 'chantagem' para deixar a Venezuela
O opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, adversário do presidente Nicolás Maduro nas contestadas eleições presidenciais de 28 de julho, foi vítimas de uma "chantagem" por parte do governo para forçar seu exílio na Espanha, disse nesta quarta-feira (18) à AFP seu advogado.
O governo de Maduro pulicou mais cedo uma carta assinada pelo ex-embaixador de 75 anos, na qual ele garante que "respeita" a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) que validou a reeleição do mandatário em meio a denúncias de fraude e ao não reconhecimento de vários países.
Em um vídeo gravado da Espanha, González explicou que assinou essa carta "sob coação" para poder deixar o país e buscar asilo político.
"Trata-se de chantagem, coação, pressão indevida que, do ponto de vista técnico e jurídico, constitui um vício de consentimento que leva à nulidade absoluta do documento", afirmou à AFP o advogado José Vicente Haro. "Deram-lhe praticamente as opções de sair pela via do asilo ou ser privado de liberdade", acrescentou.
Haro também comentou a saída repentina de González do país na noite de sábado, 7 de setembro: "A última vez que falamos, antes de sua partida, o vi sob muita pressão, em uma situação de coação, com poucas possibilidades de se expressar."
"Foi uma videoconferência na qual eu vi uma pessoa psicologicamente e emocionalmente abalada, sem condições de exercer seu livre-arbítrio, sua liberdade e consciência para tomar decisões", descreveu o advogado.
Haro também afirmou que González não fará "nenhum pronunciamento sobre as considerações feitas pelo presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez", que lidera as negociações para sua saída para a Espanha.
Isso aconteceu após Rodríguez exigir que o candidato opositor se retratasse, sob a ameaça de divulgar vídeos dessas conversas.
González "reafirma seu compromisso com a luta pelo restabelecimento da democracia na Venezuela", disse Haro, com base em uma conversa com o líder nesta quarta-feira.
A oposição reivindica a vitória nas eleições presidenciais, alegando, com o que diz serem cópias das atas eleitorais, que González venceu com mais de 60% dos votos.
O TSJ validou a reeleição de Maduro, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com 52% dos votos.
O CNE, no entanto, não divulgou as atas detalhadas das votações, como prevê a lei, alegando ter sido alvo de um ataque cibernético, uma justificativa que a oposição e observadores internacionais consideram pouco convincente.
G.Kuhn--NZN