Israel proíbe agência da ONU e gera críticas internacionais
O parlamento israelense votou nesta segunda-feira um projeto de lei que proíbe no país as atividades da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), apesar das objeções internacionais.
A votação ocorreu no momento em que o governo israelense analisa um projeto de acordo para a libertação de reféns em poder do Hamas na Faixa de Gaza. Israel acusou alguns funcionários da agência de participação no ataque de 7 de outubro de 2023 do Hamas, que desencadeou o conflito atual naquele território palestino.
“Existe uma conexão profunda entre a organização terrorista [Hamas] e a UNRWA, o que Israel não pode tolerar", disse o parlamentar Yuli Edelstein. Mas o chefe da agência, Philippe Lazzarini, afirmou que a proibição faz parte de "uma campanha em curso" para desprestigiá-la, que "vai apenas agravar o sofrimento dos palestinos".
Durante mais de 70 anos, a UNRWA contribuiu em educação, saúde e assistência nos territórios palestinos e em outros lugares. O Hamas denunciou o que chamou de “agressão sionista” contra os palestinos, após a aprovação da lei.
Vários países europeus condenaram a medida israelense. O premier Benjamin Netanyahu publicou em redes sociais que Israel está “pronto” para fornecer ajuda à Faixa de Gaza "de forma que não ameace a segurança israelense”.
Os parlamentares aprovaram o projeto por 92 votos a 10, em um contexto de anos de críticas de Israel à UNRWA, que aumentaram desde o começo do conflito na Faixa de Gaza, há um ano.
Se a lei "for aprovada e implementada, será um desastre, principalmente pelo impacto que deverá ter nas operações humanitárias na Faixa de Gaza e em várias partes da Cisjordânia", acrescentou a porta-voz da agência.
Antes da votação, os Estados Unidos expressaram preocupação com o texto e pediram que o governo israelense não o aprovasse. O Departamento de Estado reiterou "o papel crucial" da agência na distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Votado em primeira leitura em julho, o texto propõe a proibição "das atividades da UNRWA no território israelense", inclusive em Jerusalém Oriental, setor da cidade sagrada ocupado e anexado por Israel desde 1967.
O.Hofer--NZN