Bombardeio israelense na Faixa de Gaza deixa quase 100 mortos
Um bombardeio israelense matou, na madrugada desta terça-feira (29), quase cem pessoas no norte da Faixa de Gaza, onde o Exército israelense intensificou desde setembro as suas operações aéreas e terrestres contra o movimento islamista palestino Hamas.
O ataque contra um prédio residencial em Beit Lahia deixou 93 mortos e 40 desaparecidos, disse o porta-voz da agência de Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal.
"A maioria das vítimas eram mulheres e crianças. As pessoas tentaram salvar os feridos, mas não há hospitais ou cuidados médicos adequados", disse Rabi al-Shandagog, uma testemunha de 30 anos que se refugiou em uma escola próxima.
Questionado pela AFP, o Exército israelense afirmou que estava examinando as informações sobre o ataque. Por outro lado, reivindicou ações no setor próximo de Jabaliya que mataram "cerca de 40 terroristas".
Desde 6 de outubro, as tropas israelenses implementam uma nova ofensiva no norte de Gaza, onde garantem que os combatentes do Hamas estão se reagrupando. Sua operação causou o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas e, de acordo com a Defesa Civil, centenas de mortos.
A guerra, iniciada há mais de um ano em Gaza pelo ataque do Hamas contra Israel, foi ampliada em setembro para o Líbano, onde o Exército israelense luta contra o Hezbollah, um aliado do movimento palestino e também apoiado pelo Irã.
Israel enfrenta uma onda de rejeição internacional por sua decisão de proibir as atividades da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA). Também enfrenta pressões crescentes por suas ofensivas no Líbano e em Gaza.
- "Momento mais perigoso em décadas" -
A região do Oriente Médio vive o "momento mais perigoso" em "décadas", alertou o enviado da ONU para a região, Tor Wennesland, para o Conselho de Segurança da ONU.
Em Gaza, a guerra eclodiu em 7 de outubro de 2023 com o ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, que matou 1.206 pessoas, principalmente civis. Os milicianos islamistas também capturaram 251 pessoas naquele dia, das quais 97 ainda estão em cativeiro em Gaza. O Exército israelense indicou que 34 delas morreram.
A ofensiva israelense, lançada em retaliação para acabar com o movimento palestino, já matou mais de 43.000 pessoas em Gaza, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Tropas israelenses e combatentes libaneses do Hezbollah começaram a trocar disparos na fronteira entre os dois países em 8 de outubro de 2023, o que forçou milhares de moradores dos dois lados a fugir.
Com o objetivo de permitir o retorno dos 60.000 habitantes deslocados do norte do seu território, Israel lançou bombardeios diários sobre o Líbano desde 23 de setembro, acompanhados uma semana depois por uma ofensiva terrestre no sul do país.
Esta ação enfraqueceu a poderosa formação político-militar xiita, que perdeu o seu influente líder, Hassan Nasrallah em 27 de setembro em um bombardeio na periferia sul de Beirute, e o seu provável sucessor, Hashem Safieddine, dias depois.
- Novo líder do Hezbollah -
Nesta terça-feira, o Hezbollah anunciou a nomeação como novo líder do seu número dois desde 1991, Naim Qassem, cofundador do movimento e o seu líder mais visível publicamente nas últimas décadas.
A nomeação de Qasem será "temporária" e não vai "durar muito", disse Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, nesta terça -feira.
Segundo dados oficiais, a ofensiva do último mês deixou mais de 1.700 mortos no Líbano.
Nesta terça-feira, Israel continuou com seus bombardeios no sul do Líbano e, de acordo com a agência de notícias estatal, realizou um ataque de tanques em direção à cidade de Khiam, a 6 quilômetros da fronteira, incomum por sua profundidade.
A força de paz da ONU no Líbano, Unifil, afirmou que um foguete, provavelmente lançado pelo Hezbollah ou por um grupo aliado, atingiu seu quartel-general em Naqura, no sul, ferindo levemente alguns capacetes azuis.
O território israelense também foi atingido por mísseis lançados a partir do Líbano.
A nível diplomático, Israel enfrenta uma onda de críticas pela aprovação no seu Parlamento de uma lei que proíbe as atividades da UNRWA em seu território e a colaboração com a agência e os seus funcionários.
Várias capitais europeias, a própria ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciaram a proibição, à qual os Estados Unidos também expressaram oposição.
L.Rossi--NZN