Novo confronto entre policiais e manifestantes deixa 13 feridos na Bolívia
Doze policiais e um civil ficaram feridos, nesta terça-feira (29), após um novo confronto entre forças de segurança e manifestantes que bloqueiam vias na Bolívia em protesto contra o governo e em apoio ao ex-presidente Evo Morales, investigado por um suposto caso de estupro.
O choque ocorreu em Mairana, no departamento de Santa Cruz, um dos pontos da manifestação que começou em 14 de outubro.
"Entraram no hospital da localidade 13 pacientes no total: 12 deles policiais e um civil", disse à AFP María Veizaga, médica do centro de saúde.
Os feridos apresentavam contusões e hematomas. Quatro deles foram levados a um hospital com traumatismo craniano, acrescentou a fonte.
Desde o início dos protestos, os pontos de bloqueio passaram de quatro para 23 na segunda-feira, segundo a Administradora Boliviana de Estradas.
Com o confronto desta terça-feira, o total de feridos aumentou para 27 em duas semanas de manifestações, a grande maioria policiais, conforme o balanço oficial.
O confronto ocorreu quando a força pública entrou para desobstruir a estrada em Mairana.
"Recebemos um contra-ataque; um ataque dos bloqueadores que aparentemente emboscaram a força policial", declarou à imprensa o comandante da polícia de Santa Cruz, Rolando Rojas.
- Investigação internacional -
As manifestações são lideradas por camponeses aliados do ex-presidente Morales e acontecem contra a "perseguição judicial" do líder de 65 anos.
A obstrução das vias afeta principalmente o departamento de Cochabamba, onde o ex-mandatário está resguardado por suas bases políticas, diante da possibilidade de o Ministério Público ordenar sua prisão.
O líder indígena está sob investigação por estupro, tráfico e exploração de pessoas, em razão do suposto abuso de uma menor em 2015, quando ainda era presidente.
Morales rejeita a acusação como uma "mentira a mais" orquestrada pelo governo de seu ex-ministro Luis Arce, com quem mantém uma acirrada disputa pela candidatura presidencial às eleições de 2025.
A manifestação em apoio ao ex-presidente se transformou em um forte clamor contra o governo Arce devido à crise gerada pela escassez de combustível e dólares, e pelo aumento dos preços da cesta básica.
A tensão aumentou ainda mais no domingo, quando Morales denunciou um atentado à sua vida com disparos por parte de um grupo formado por policiais e militares.
Segundo a sua versão, o carro em que estava foi alvo de 14 tiros em um ataque perpetrado na região cocaleira do Chapare, em Cochabamba.
Evo saiu ileso, mas seu motorista foi ferido por estilhaços dos projéteis.
Morales, que governou entre 2006 e 2019, acusa a administração Arce de tentar matá-lo.
Na segunda-feira, o ministro de Governo, Eduardo Del Castillo, desmentiu Morales e o acusou de armar um "teatro" em torno do episódio.
Segundo o ministro, a equipe de segurança do ex-presidente foi quem disparou contra uma patrulha policial ao desviar de um posto de controle antidrogas. Um policial ficou ferido, de acordo com o funcionário.
Morales pediu nesta terça às organizações regionais Celac e Alba que investiguem sua denúncia.
Tanto a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) quanto a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) são formadas por governos aliados do líder indígena de esquerda.
"Exigimos uma investigação internacional e independente por parte de organismos como Alba ou Celac", escreveu o ex-governante na rede social X.
L.Zimmermann--NZN