Zürcher Nachrichten - Apoiadores de Evo Morales mantêm 200 militares reféns na Bolívia

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Apoiadores de Evo Morales mantêm 200 militares reféns na Bolívia
Apoiadores de Evo Morales mantêm 200 militares reféns na Bolívia / foto: FERNANDO CARTAGENA - AFP

Apoiadores de Evo Morales mantêm 200 militares reféns na Bolívia

Pelo menos 200 militares são feitos reféns por trabalhadores rurais alinhados ao ex-presidente boliviano Evo Morales, após a invasão a três quartéis no âmbito de protestos iniciados há 20 dias, informou o governo neste sábado (2).

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Na sexta-feira, "três unidades militares foram atacadas por grupos irregulares na zona do Chapare, no departamento de Cochabamba, fazendo reféns mais de duzentos efetivos militares", assinalou a Chancelaria em um comunicado endereçado à comunidade internacional.

Além disso, "se apropriaram de armamento de guerra e munições", acrescentou a nota.

A princípio, informou-se oficialmente sobre um regimento ocupado por manifestantes na sexta-feira em Cochabamba.

O governo boliviano enviou as Forças Armadas para essa região para apoiar a polícia na reabertura das rodovias, bloqueadas pelos apoiadores de Morales.

O governo só identificou um dos três quartéis atacados, o "Cacique Juan Maraza".

Em um vídeo difundido pela imprensa boliviana, veem-se 16 militares cercados de camponeses, armados com pedaços de pau com a ponta afiada.

"O Regimento Cacique Maraza foi tomado pelas centrais do Tipnis. Cortaram nossa água, a luz, fomos feitos reféns", diz um militar.

Os Tipnis são conhecidos como os territórios indígenas do Chapare, no departamento de Cochabamba, onde Morales tem sua maior base política.

Após tomar conhecimento dos primeiros acontecimentos, o presidente boliviano, Luis Arce, ex-ministro da Economia do governo de Morales (2006-2019), condenou a atitude dos indígenas.

"A tomada de uma instalação militar por grupos irregulares é um crime de traição à Pátria em qualquer lugar do mundo", assinalou o presidente.

- Greve de fome -

O conflito em torno dos militares ocorre no âmbito de bloqueios viários por parte de manifestantes simpáticos a Morales, investigado criminalmente por um caso de estupro que ele nega.

Seus seguidores denunciam que as ações judiciais fazem parte de uma "perseguição judicial e política" do governo de Arce contra o líder indígena de 65 anos.

Para aumentar a pressão, Morales iniciou uma greve de fome na sexta-feira.

No início de seu jejum, ele propôs ao governo discutir em mesas de diálogos "o tema econômico" e "o tema político".

"E para que o diálogo seja viável, responsável e tenha resultados, peço a participação de organismos internacionais de países amigos", acrescentou.

Morales está em greve de fome na região do Chapare, de onde não se deslocou diante da ameaça de uma ordem de prisão emitida contra ele pelo Ministério Público, que o investiga, e depois que ele disse ter sofrido um atentado a tiros no domingo passado.

- Os bloqueios continuam -

No Chapare, o ex-presidente pediu aos "irmãos que estão mobilizados" que considerem suspender temporariamente "o bloqueio de vias justamente para evitar episódios de sangue".

No entanto, as interdições continuam em Cochabamba, seu reduto político. Segundo a Administradora Boliviana de Rodovias, há 16 pontos de bloqueios de rodovias que ligam cidades de Santa Cruz (leste) e Sucre (sudeste).

Na sexta-feira, o governo conseguiu restabelecer o trânsito em uma estrada que liga Cochabamba a La Paz, em uma operação policial que terminou com 66 detidos e 22 feridos, sobretudo membros das forças de ordem.

Segundo o governo, os protestos deixaram no total 92 feridos.

A.Wyss--NZN