Zürcher Nachrichten - EUA retira oferta de recompensa pela captura do novo líder da Síria

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EUA retira oferta de recompensa pela captura do novo líder da Síria
EUA retira oferta de recompensa pela captura do novo líder da Síria / foto: Omar Haj Kadour - AFP

EUA retira oferta de recompensa pela captura do novo líder da Síria

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (20) que retiraram a oferta de recompensa pela captura do novo líder da Síria, o islamista Ahmed al Sharaa, classificado até agora como "terrorista" por Washington, após o primeiro contato formal em Damasco com o novo governo interino.

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Um funcionário do novo governo que solicitou anonimato qualificou previamente como "positiva" a reunião entre Sharaa e uma delegação americana presidida por Barbara Leaf, a responsável pelo Oriente Médio no Departamento de Estado.

"Após nossas conversas, eu anunciei que retiraremos a oferta de recompensa que mantivemos vigente nos últimos anos" por informações sobre seu paradeiro, disse Leaf à imprensa após se reunir com Sharaa.

O novo líder sírio, cujo nome de guerra é Abu Mohamed al Jolani, é o chefe do grupo islamista radical HTS, classificado como "terrorista" por vários países, incluindo os Estados Unidos.

O HTS liderou a aliança rebelde que tomou o poder em Damasco no dia 8 de novembro, após uma ofensiva relâmpago que derrubou Bashar al Assad.

O grupo, que foi o braço sírio da Al Qaeda, afirma ter rompido com o jihadismo e busca tranquilizar a comunidade internacional após mais de 13 anos de uma guerra civil que devastou e fragmentou o país.

A comunidade internacional está agora atenta à política dos novos líderes sobre as minorias e ao futuro das regiões curdas semiautônomas no norte da Síria, um Estado multiétnico e multiconfessional.

Em visita a Ancara nesta sexta-feira, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, declarou que Berlim julgará os novos dirigentes pelos "seus atos".

- "Cessar-fogo" em Kobane -

As mulheres são "absolutamente indispensáveis" para reconstruir a Síria, disse nesta sexta-feira Amy Pope, diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência da ONU.

Na quinta-feira, centenas de pessoas se manifestaram em Damasco por democracia e direitos das mulheres.

Em Qamishli, no nordeste, milhares de pessoas se manifestaram em apoio às forças curdas, que tentam repelir uma ofensiva dos combatentes apoiados pela Turquia, aliada do novo poder.

Também foram registrados confrontos ao redor de Kobane, uma cidade no norte do país que se tornou símbolo da luta contra os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).

O EI sofreu lá sua primeira derrota antes de ser derrotado em 2019.

"Estamos trabalhando ativamente, conversando com as autoridades turcas e com as FDS (Forças Democráticas Sírias, lideradas pelos curdos sírios). Acreditamos que a melhor solução é um cessar-fogo em torno de Kobane", afirmou Leaf.

Para evitar que o EI volte a ganhar força na Síria, onde não foi totalmente erradicado, Washington apoia as FDS, que controlam as áreas semiautônomas no norte do país.

O exército dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira ter eliminado um líder do EI e outro membro do grupo na província de Deir Ezzor.

A situação é muito volátil nesta região, onde a comunidade curda, oprimida durante muito tempo, teme perder a limitada autonomia que tanto lhe custou adquirir desde 2011.

- Primeira missão diplomática formal -

Em Damasco, Leaf também destacou ao novo líder sírio a "necessidade crucial de garantir que os grupos terroristas não possam representar uma ameaça dentro da Síria ou fora dela, incluindo para os Estados Unidos e nossos parceiros na região". "Ele se comprometeu a fazê-lo", afirmou.

A delegação americana também se reuniu com representantes da sociedade civil em Damasco.

Trata-se da primeira missão diplomática formal enviada por Washington desde o início da guerra civil e inclui Roger Carstens, encarregado de buscar americanos desaparecidos na Síria, como o jornalista Austin Tice, sequestrado em agosto de 2012.

França, Alemanha, Reino Unido e Nações Unidas também enviaram delegações a Damasco.

A queda de Bashar Al Assad foi recebida com festa pela população após quase 14 anos de guerra civil, desencadeada em 2011 pela repressão aos protestos pró-democracia.

O conflito deixou mais de 500 mil mortos e levou seis milhões de sírios ao exílio.

W.Vogt--NZN