EUA se prepara para dar adeus ao ex-presidente Jimmy Carter
As bandeiras nacionais estão a meio mastro nesta segunda-feira (30) nos Estados Unidos, um dia depois da morte de Jimmy Carter, aos 100 anos, um ex-presidente cujo mandato foi marcado por fracassos, mas cuja vida política como pacificador e filantropo foi unanimemente elogiada.
Joe Biden declarou o dia 9 de janeiro como luto nacional em honra de quem governou o país entre 1977 e 1981, e ordenou que as bandeiras americanas fiquem a meio mastro por um mês, período durante o qual Donald Trump assumirá a presidência do país.
O presidente democrata convidou "todos aqueles que buscam entender o que significa viver uma vida com propósito e significado" a estudar a vida de Jimmy Carter, "um homem de princípios, fé e humildade".
As autoridades responsáveis pelo funeral de Estado do ex-presidente ainda não informaram sobre a programação dos atos. Segundo o New York Times, no dia 9 de janeiro será realizada uma cerimônia na Catedral Nacional de Washington, na qual Biden fará uma oração.
- Luta pela paz -
Os ex-presidentes americanos vivos prestaram homenagens: Barack Obama saudou Carter como uma pessoa "extraordinária", George W. Bush como um "homem de convicções profundas", enquanto Bill e Hillary Clinton disseram que o democrata "trabalhou incansavelmente por um mundo melhor e mais justo".
"Embora eu estivesse profundamente em desacordo com ele filosoficamente e politicamente, também percebi que ele realmente amava e respeitava nosso país", disse Trump no domingo em sua plataforma Truth Social, após, no passado, ter criticado veementemente o ex-presidente.
Os elogios à figura de Carter também se multiplicaram internacionalmente.
O papa Francisco destacou o compromisso de Carter com a paz, "motivado por uma profunda fé cristã", enquanto o presidente francês Emmanuel Macron, o rei britânico Charles III e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacaram o compromisso do falecido mandatário com a defesa dos direitos humanos.
O Centro Carter, a fundação do ex-presidente, anunciou no domingo que o prêmio Nobel da Paz de 2002 faleceu "em paz" no mesmo dia em sua casa em Plains, Geórgia, "rodeado por sua família".
Carter é originário desse estado do sudeste dos Estados Unidos, onde cresceu na fazenda de amendoim de seus pais, uma propriedade da qual se encarregou quando deixou a Marinha, antes de entrar para a política.
Sua esposa e fiel companheira Rosalynn faleceu no ano passado, aos 96 anos, e foi enterrada em Plains, após uma homenagem nacional.
Com o rosto abatido, Jimmy Carter participou do funeral, em uma de suas raras aparições públicas nos últimos anos.
Espera-se que o ex-presidente seja enterrado ao lado de Rosalynn após as cerimônias previstas em Washington e Atlanta, capital da Geórgia.
- Um homem que salvou "inúmeras vidas" -
Jimmy Carter foi eleito presidente em 1976, em um país ainda marcado pelo escândalo Watergate, que havia levado o republicano Richard Nixon a renunciar à Casa Branca.
Arquiteto dos Acordos de Camp David, que levaram, em março de 1979, à assinatura do tratado de paz entre Israel e Egito, o 39º presidente dos Estados Unidos foi duramente criticado em seu país durante a crise dos reféns americanos no Irã.
O anúncio em 24 de abril de 1980 do fracasso da missão militar para resgatar os reféns encerrou suas esperanças de reeleição.
Em 1982, após deixar a Casa Branca, fundou o Centro Carter para promover o desenvolvimento, a saúde e a resolução de conflitos em todo o mundo.
A fundação ajuda no combate a diversas doenças e lidera o programa contra a dracunculíase, uma doença parasitária que ocorre principalmente na África e que atualmente está quase erradicada.
O diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, elogiou no domingo o ex-presidente americano por "ajudar a salvar inúmeras vidas".
Carter deixou a vida política aos 90 anos. Em janeiro de 2021, esteve ausente da cerimônia de posse de Biden, mas o recebeu em sua casa em Plains.
Y.Keller--NZN