Seguidores de Evo Morales marcham na Bolívia pelo 3º dia por crise econômica
Centenas de camponeses e trabalhadores bolivianos, partidários do ex-presidente Evo Morales, continuaram a marchar neste domingo (12), pelo terceiro dia consecutivo, em direção à cidade de La Paz, em protesto contra a crise econômica pela qual passa o país andino.
"Esta é uma luta justa, é uma marcha pacífica, estamos falando das pessoas que estão morrendo de fome", disse a líder indígena Juanita Ancieta.
"O povo se levantou, ninguém vai nos impedir, o país está economicamente em má situação", acrescentou.
Sem Morales, seu líder histórico, que permanece em seu reduto político em Cochabamba (centro), "A marcha pela vida", envolvendo centenas de moradores de várias regiões, partiu neste domingo de manhã do distrito de Calamarca.
A mobilização começou na sexta-feira na cidade de Patacamaya, nos Andes, ao sul de La Paz, e seu destino é a sede dos Poderes Executivo e Legislativo, aonde eles esperam chegar na segunda-feira.
Alguns camponeses mastigam folhas de coca para aplacar a fome e o cansaço, outros carregam cartazes contra as políticas econômicas do governo do presidente Luis Arce, ex-ministro da economia de Morales.
"É uma marcha contra o aumento da nossa cesta básica, contra o fato de que não há fornecimento de combustível na Bolívia graças a esse governo. Essa marcha exige que o governo resolva essas questões", disse à imprensa Flora Aguilar, uma moradora vestida com uma manta multicolorida e um chapéu preto.
Arce e Morales estão afastados por uma luta pelo controle do partido governista e pela candidatura presidencial da esquerda para as eleições de agosto.
De acordo com dados oficiais, a inflação em 2024 foi de 9,9%, a maior em 16 anos, enquanto a escassez de combustível e de dólares persiste em todo o país. A Bolívia subsidia as importações de combustível, o que esgotou suas reservas internacionais.
O protesto é uma repetição de outra marcha realizada em setembro por milhares de partidários de Morales, embora naquela ocasião o líder aimara estivesse à frente.
O ex-chefe de Estado (2006-2019) permanece na região de cultivo de coca de Chapare, em Cochabamba, no centro do país, sem se mover, devido a um mandado de prisão emitido pela promotoria, que o acusou do crime de tráfico de pessoas.
A polícia não cumpriu a ordem do promotor, porque na região o ex-presidente é vigiado e protegido por seus seguidores.
Morales, de 65 anos, é acusado de ter mantido um relacionamento com uma menor em 2015, com quem supostamente teve uma filha, fato que ele nega. O líder cocaleiro alega ser vítima de "perseguição legal" por parte do governo de Arce.
O.Pereira--NZN