A crise humanitária aumenta em Gaza
Com os hospitais lotados de feridos, o risco de cólera e a falta d'água e de combustível, a crise humanitária se aprofunda na Faixa de Gaza, bombardeada e assediada por Israel desde o ataque do Hamas em 7 de outubro.
- Hospitais em perigo -
O Hamas acusa Israel de atacar os hospitais da Faixa de Gaza e as autoridades israelenses acusam o movimento islamista palestino de utilizar esses estabelecimentos como esconderijo.
O hospital Al Shifa, o maior desse pequeno território palestino, começou a ser evacuado.
Outros dois hospitais, localizados no norte da Faixa de Gaza, o indonésio e o Ahli Arab, também solicitaram ajuda da Organização Mundial de Saúde (OMS) para realizar as evacuações, disse nesta terça-feira (21) um porta-voz dessa agência da ONU, Christian Lindmeier.
"Mas a prioridade não é evacuar os hospitais, já que são o único local seguro ao qual a população pode recorrer como último recurso", destacou.
A OMS está elaborando um plano para evacuar 200 pacientes e 50 trabalhadores de saúde do hospital Al Shifa, de onde 31 bebês prematuros foram transferidos nos últimos dias.
As organizações humanitárias também alertam para os efeitos devastadores da falta de combustível para levar ajuda à Faixa de Gaza e para o funcionamento dos geradores nos hospitais e dos sistemas de saneamento.
"Menos da metade dos hospitais e clínicas funcionam", afirma Lindmeier.
- Riscos sanitários -
O sistema de saúde está saturado com os milhares de feridos e doentes.
"A cada dia morrem cerca de 160 crianças, ou seja, uma a cada dez minutos", e a cada dez minutos, outras duas ficam feridas, segundo a OMS.
As ONGs informam sobre um forte aumento de doenças como diarreia e infecções respiratórias, enquanto cerca de 900.000 pessoas deslocadas estão em abrigos lotados administrados pela agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).
"Estamos ficando sem água. As fezes estão espalhadas por regiões densamente povoadas", denunciou James Elder, porta-voz do Unicef.
Segundo esta organização, o limite de emergência de quantidade mínima diária de água por pessoa - em condições de guerra ou de fome - é de 15 litros.
Em certas áreas de Gaza, os habitantes dispõem de apenas três litros d'água por dia, ou absolutamente nada, destacou Elder.
No momento, não há indícios de cólera na Faixa de Gaza, onde a bactéria que causa a doença não estava presente antes da eclosão da guerra, segundo a OMS.
No entanto, a diarreia aquosa, que afeta dezenas de milhares de pessoas com deficiências físicas graves, é tão perigosa quanto.
Milhares de pacientes estão em perigo, entre eles mais de 2.000 com câncer, 50.000 com doenças cardiovasculares e mais de 60.000 com diabetes.
Segundo a OMS, a cada dia nascem cerca de 180 bebês, a maioria sem assistência.
- Ajuda humanitária vital -
Chegou-se a um acordo para permitir a entrada de 70.000 litros de combustível por dia, informou a ONU na semana passada, embora tenha ressaltado que são necessários 200.000 litros por dia.
Segundo a ONU, Israel também decidiu não limitar o número de caminhões autorizados que transportam ajuda humanitária. Eles chegam do Egito pelo posto fronteiriço de Rafah, única saída de Gaza para o exterior que não é controlada por Israel.
"Em coordenação com o Crescente Vermelho palestino, foram entregues a Gaza mais de 950 caminhões carregados de ajuda essencial", declarou nesta terça-feira a Federação Internacional da Cruz Vermelha (IFRC) na rede social X, antigo Twitter.
Segundo o Programa Mundial de Alimentos, a inflação em Gaza aumentou 12% desde outubro, e nenhuma padaria funciona no norte do território devido à destruição da infraestrutura e à escassez de água e eletricidade.
T.Gerber--NZN