Jovens dominam agenda de reunião latino-americana sobre o clima
Os jovens dominaram, nesta terça-feira (24), a agenda do segundo dia da Semana do Clima da América Latina e do Caribe, no Panamá, que prepara uma posição regional para a próxima conferência da ONU sobre as mudanças climáticas, a COP28, em Dubai.
“É preciso dizer aos jovens que é muito importante o envolvimento juvenil, e que isso pode ser feito de onde estiverem, uma vez que as mudanças climáticas são multissetoriais”, ressaltou a hondurenha Paola Acevedo, da ONG Sustenta, em um painel sobre a juventude na crise do aquecimento global.
“Muitas vezes, não há oportunidades para os jovens”, queixou-se a jovem ativista brasileira nordestina Gabriele de Oliveira, no mesmo painel.
O encontro na capital panamenha reúne cerca de 3.000 delegados de governos locais e nacionais, de povos indígenas, da sociedade civil e do setor privado. Também inclui uma reunião de ministros do Meio Ambiente dos 33 países da região.
Coincidindo com o evento, foi colocado em prática na região o programa Pacto de Empregos Verdes para Jovens, lançado no ano passado em Estocolmo em nível global. A meta regional é criar 1 milhão de “empregos verdes” para os jovens nos próximos anos.
Adriana Zacarías, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ressaltou que “quase todos os empregos da nossa economia terão que evoluir e mudar”, uma vez que se estima que “40% dos empregos podem ser perdidos” como efeito das mudanças climáticas.
Moa Cortobius, da ONG Save the Children, alertou que as crianças “são particularmente vulneráveis” às mudanças climáticas e precisam ser protegidas. “Estima-se que 88% das doenças causadas pelas mudanças climáticas irão recair sobre as crianças de menos de 5 anos, que têm um organismo muito mais sensível", disse à AFP.
- Ativista adolescente -
Se o meio ambiente não for protegido, “as futuras gerações não terão acesso à água potável, o ar ficará poluído, não haverá áreas verdes”, ressaltou em outro fórum a peruana Joselim, de 17 anos, líder de um movimento latino-americano de crianças e adolescentes trabalhadores.
“Nossas autoridades criam uma agenda para a infância, mas a infância não está dentro dessa agenda, os menores não são consultados", disse Joselim à AFP, criticando “o adultocentrismo” que prevalece em seu país e na região, apontou.
“O político e o social não nos são estranhos”, assinalou a jovem estudante, que faz parte de uma família de camponeses da região andina de Apurimac e que declarou seu orgulho de fazer parte “da infância trabalhadora”.
A reunião no Panamá termina na próxima sexta-feira e deve definir uma posição comum para a COP28, que será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai.
T.Furrer--NZN