Japão corre contra o tempo para resgatar sobreviventes de violento terremoto
Socorristas japoneses corriam "contra o tempo" nesta terça-feira (noite de segunda, 1º, no Brasil), para resgatar os sobreviventes do violento terremoto que sacudiu o país no dia de Ano Novo, deixando seis mortos e danos importantes.
Um policial da prefeitura central de Ishikawa confirmou a descoberta de dois corpos, que elevaram para seis o número de mortos no terremoto.
O sismo de magnitude 7,5 abalou a província de Ishikawa, localizada às margens do Mar do Japão, na ilha de Honshu, a principal do arquipélago, às 16h10 locais (04h10 no horário de Brasília), informou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Segundo as autoridades japonesas, a magnitude do tremor foi de 7,6.
"Foram confirmados danos muito extensos, incluindo vítimas numerosas, desabamentos de prédios e incêndios", declarou a jornalistas o primeiro-ministro, Fumio Kishida, mencionando uma "corrida contra o tempo" para resgatar os afetados.
A Agência Meteorológica Japonesa (JMA) informou que depois do terremoto inicial foram registradas 155 réplicas adicionais, que em sua maioria tiveram magnitudes superiores a 3.
As autoridades instaram a população a se abrigar diante do risco de ondas gigantes.
Ondas de 1,2 metro de altura atingiram o porto de Wajima, na península de Noto, às 16h21 locais (04h21 em Brasília). Outras menores foram registradas em diferentes locais, incluindo na ilha de Hokkaido, no norte.
Mas a JMA anunciou, na manhã de terça-feira, a suspensão de todos os alertas de tsunami.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ofereceu em um comunicado "toda a ajuda necessária ao povo japonês".
- "Situação horrível" -
O ministro da Defesa, Minoru Kihara, informou que mil militares estão preparados para ir para a região e que outros 8.500 foram mobilizados. As autoridades também usaram 20 aviões militares para avaliar os danos.
A autoridade de transporte fechou as rodovias nas áreas próximas do epicentro e a Japan Railways anunciou que os trens de alta velocidade entre Tóquio e a Prefeitura de Ishikawa foram cancelados.
Por outro lado, o governo informou que não foram detectadas consequências nas usinas nucleares do país.
Em Ishikawa e nas vizinhas Toyama e Niigata, cerca de 33.500 lares ficaram sem eletricidade. Muitas casas desmoronaram na cidade de Suzu, segundo os informes.
Os danos causados pelo terremoto afetaram principalmente as casas antigas, que costumam ser de madeira.
O porta-voz do governo, Yoshimasa Hayashi, reportou "seis casos" de pessoas que estavam em edifícios desabados na região de Ishikawa.
Imagens na televisão mostraram também um grande incêndio que destruiu vários edifícios em Wajima.
Um vídeo na rede social X exibiu casas antigas destruídas. "É o distrito Matsunami de Noto. Estamos em uma situação horrível. Por favor, ajudem-nos. Minha cidade está em uma situação horrível", lamentou uma pessoa na gravação.
"Há um grave incêndio. Não podemos dizer de imediato quantas casas foram afetadas", disse à AFP um bombeiro da localidade.
Algumas cidades do extremo leste da Rússia também emitiram alertas de tsunami, mas sem determinar evacuações.
As autoridades de Vladivostok, cidade russa de 600.000 habitantes, aconselharam os pescadores a retornarem ao porto.
- Lembrança de Fukushima -
Ao todo, foram registrados na península de Noto mais de 50 sismos de magnitude 3,2 ou superior em um intervalo de quatro horas.
O arquipélago adota normas de construção rígidas, de forma que os edifícios costumam resistir a fortes terremotos e os habitantes estão acostumados a estas situações.
Mas persiste a traumática lembrança do terrível terremoto de magnitude 9,0, seguido de um gigantesco tsunami, que deixou cerca de 20 mil mortos ou desaparecidos em 2011.
Esta catástrofe incluiu o acidente nuclear de Fukushima, o pior registrado no mundo desde o de Chernobyl em 1986. O tsunami causou o derretimento de três reatores da usina nuclear japonesa.
E.Schneyder--NZN