Zürcher Nachrichten - Canal do Panamá aumenta trânsito de embarcações, embora escassez de água continue

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Canal do Panamá aumenta trânsito de embarcações, embora escassez de água continue
Canal do Panamá aumenta trânsito de embarcações, embora escassez de água continue / foto: MARTIN BERNETTI - AFP

Canal do Panamá aumenta trânsito de embarcações, embora escassez de água continue

O Canal do Panamá aumentou o número de trânsitos diários de navios nesta quinta-feira (16), embora continue com o mesmo déficit de água que ocasionou no ano passado uma restrição à quantidade de travessias e à profundidade das embarcações, informaram as autoridades.

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Esta via interoceânica, que movimenta 6% do comércio marítimo mundial e foi inaugurada pelos Estados Unidos em 1914, começou a aplicar restrições em abril de 2023 devido à escassez de chuvas causada pelo fenômeno El Niño.

Agora, entretanto, aumentou de 27 para 31 o número diário de travessias de embarcações, graças ao aumento do nível dos dois lagos artificiais que abastecem de água doce o canal de 80 km de extensão que une o Oceano Pacífico ao Atlântico.

"Podemos anunciar com certo contentamento para a comunidade marítima internacional que vamos aumentar para 31 trânsitos", disse à AFP o vice-presidente de Operações do Canal, Boris Moreno.

"É uma boa notícia para o Canal e também para os usuários", afirmou.

A medida foi notificada às companhias de navegação em 15 de abril, mas entrou em vigor agora. A partir de 1º de junho, serão permitidos 32 navios navegando pelo canal.

Além disso, a partir de 15 de junho, a profundidade máxima permitida para os navios que passam pelas maiores eclusas, inauguradas em 2016, será de 13,71 metros, em vez dos atuais 13,41 metros.

"Nós estaremos anunciando nos próximos meses aumentos graduais de capacidade e esperamos que até o final deste ano possamos estar nos níveis normais de tráfego", indicou Moreno.

- Recorde em leilão -

O canal panamenho não utiliza água do mar, como o Canal de Suez, e cerca de 200 milhões de litros de água doce são despejados no mar a cada passagem de navio, que são armazenados nos lagos Gatún (450 km²) e Alhajuela (50 km²).

Antes da crise, em média 39 navios passavam pelo canal por dia. No momento mais crítico de 2023, a quantidade caiu para 22, resultando em até 160 navios aguardando para atravessar. Agora, o número oscila entre 50 e 60, reportou Moreno.

A redução nos trânsitos levou algumas companhias de navegação a desembolsar mais dinheiro para conseguir um turno de passagem nos leilões organizados pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP). Um navio chegou a pagar quatro milhões de dólares (20,5 milhões de reais) por uma vaga, além do pedágio.

Os principais usuários do Canal são os Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul e Chile.

- Esperando mais chuvas -

Com oito rios principais, a bacia do Canal também fornece água potável para 58% dos 4,4 milhões de habitantes do país.

Dos 2.800 milímetros de chuva que caíam anualmente em média, passou-se para apenas 1.800 mm em 2023, explicou o hidrólogo Ricardo Güete, durante uma inspeção às estações de monitoramento no lago Gatún.

No entanto, algumas chuvas esporádicas e as medidas restritivas adotadas pela ACP para economizar água permitiram que o nível dos lagos subisse, embora ainda não tenha alcançado os níveis necessários para operar normalmente.

"Estamos quatro ou cinco pés (1,2 a 1,5 metros) abaixo dos níveis que deveríamos ter", observou Güete.

A situação deve melhorar durante a temporada de chuvas, que vai de maio a novembro, pois está previsto o fenômeno La Niña, que implica mais precipitação no país, disse o hidrólogo.

"Esperamos que ainda neste mês comecem a cair as chuvas e que a situação se normalize", defende Güete.

Ele conta que "embora o ano passado não tenha sido o El Niño mais crítico, foi em termos de disponibilidade de água, devido à operação das novas eclusas, ao aumento da população e à maior evaporação pelo aquecimento global".

- "Vender certeza" -

A ACP estuda incorporar novas fontes de água ao Canal para evitar futuras crises hídricas, mas são obras que exigem tempo e investimentos milionários.

"Antes tínhamos água sempre [...]. Esta crise nos ensinou que agora administrar a água é primordial", afirmou Moreno, engenheiro eletromecânico com 41 anos de experiência no Canal.

A seca levou a ACP a criar um sistema de reserva, semelhante ao das companhias aéreas, para que os navios não percam tempo esperando.

"Esta crise hídrica do Canal nos serviu para mudar nosso modelo de negócios e poder vender essa certeza (...), porque para nosso cliente, tempo é dinheiro", explicou Moreno.

"Vender a certeza por meio do sistema de reserva (...) tem sido uma das grandes conquistas deste período", acrescentou.

J.Hasler--NZN