No México, temperaturas elevadas matam mais jovens e crianças que idosos, diz estudo
As temperaturas elevadas matam mais pessoas com menos de 35 anos e crianças, especialmente bebês, do que pessoas mais velhas, de acordo com um estudo da Universidade de Columbia publicado na revista Science Advances.
O estudo realizado no México mostra que “75% das mortes relacionadas ao calor estão ocorrendo entre pessoas com menos de 35 anos de idade, um grande percentual delas entre 18 e 35 anos, exatamente o grupo que se espera que seja mais resistente ao calor”, afirma o estudo.
“Isso é uma surpresa. Essas são as pessoas fisiologicamente mais robustas da população”, diz Jeffrey Shrader, coautor do estudo, do Center for Environmental Economics and Policy, afiliado à Columbia University Climate School, em Nova York.
Uma das principais explicações é o fato de muitos jovens adultos trabalharem ao ar livre, em empregos como agricultura e construção.
“São os mais jovens (...) que provavelmente fazem a maior parte do trabalho pesado, com condições de trabalho inflexíveis”, diz Shrader.
Essa faixa etária também tende a praticar mais esportes ao ar livre.
O México foi escolhido para o estudo porque coleta dados geográficos muito detalhados sobre mortalidade e temperaturas.
Os pesquisadores chegaram às conclusões relacionando o excesso de mortalidade - ou seja, o número de mortes acima da média - aos efeitos do calor quando combinado com a umidade.
A análise revelou que, entre 1998 e 2019, o país sofreu cerca de 3.300 mortes relacionadas ao calor anualmente.
Dessas, 1.050 foram entre pessoas de 18 a 35 anos e 1.206 entre menores de cinco anos.
As pessoas com idade entre 50 e 70 anos sofreram menos mortalidade relacionada ao calor, dizem os autores.
A vulnerabilidade de bebês e crianças pequenas é menos surpreendente, pois seus corpos absorvem o calor rapidamente e sua capacidade de suar e, portanto, de se resfriar, não está totalmente desenvolvida.
“Esperamos que, com o aumento das temperaturas, as mortes relacionadas ao calor aumentem, e os jovens serão os mais afetados”, diz o coautor do estudo, R. Daniel Bressler, candidato a doutorado no programa de Desenvolvimento Sustentável de Columbia.
E.Schneyder--NZN