Fendi e Max Mara na mira de ativistas na Semana de Moda de Milão
Ativistas da causa animal protestam dentro e fora dos destiles da Semana de Moda de Milão, tendo como alvo marcas como Max Mara e Fendi, que continuam usando peles em suas criações.
Uma integrante do grupo PETA invadiu a passarela da Fendi na quarta-feira com um cartaz que dizia "Animais não são roupas". Nesta quinta-feira (22), vários grupos contrários ao uso de peles reforçaram a campanha, desta vez contra a Max Mara.
Mais de 1.500 marcas de roupa deixaram de utilizar peles nos últimos anos, mas algumas ainda insistem.
Nesta quinta-feira, pelo segundo dia consecutivo, um balão com a mensagem "Max Mara Go Fur-Free" ("Max Mara, deixe de utilizar peles") sobrevoou a sede da empresa na região de Emilia-Romagna (norte).
Esta operação conta com o apoio da Fur Free Alliance (Aliança sem Peles), composta por mais de 50 associações de proteção aos animais, entre elas a Humane Society International e a italiana Lega Anti-Vivisezione, (LAV) que mira a Max Mara desde o início do mês.
A campanha, que multiplica manifestações, publicações nas redes sociais, ligações telefônicas e e-mails, coincide com a temporada das Semanas de Moda em Nova York, Londres, Milão e Paris, que acontecem até 5 de março.
A Max Mara, que não apresentou peles no desfile desta quinta-feira, não respondeu às perguntas da AFP.
Ao contrário da Fendi, que começou como uma marca de peles, a Max Mara é mais conhecida por seus luxosos casacos de lã e pelo de camelo, e ocasionalmente utiliza peles em acabamentos de capuzes e punhos.
A marca poderia prescindir da pele, afirma Simone Pavesi da LAV. "É realmente uma questão de indiferença. Poderia resolver de uma temporada para outra", avalia, lamentando que a empresa se negue a discutir com as associações.
Do lado de fora do desfile da Max Mara, Anna Kirichenko, de 32 anos, usa um gorro de esqui preto combinado com uma jaqueta preta de pele sintética.
"Há tantas alternativas (à pele verdadeira). Não gosto do cheiro da morte", comenta.
- Asfixiados ou eletrocutados -
Gucci, Versace, Armani, Prada, Valentino e Dolce & Gabbana são algumas das marcas que deixaram de utilizar peles. Do lado dos que insistem estão, por exemplo, Louis Vuitton e Hermès.
Os militantes invocam a crueldade na criação de animais como raposas, visons, chinchilas e coelhos confinados em jaulas antes de serem asfixiados ou eletrocutados.
Ativistas infiltrados revelaram as condições deploráveis dos animais: doentes, estressados, com automutilações e infecções.
Porém, o setor diz ser menos nocivo para o meio ambiente, afirmação rejeitada pelos ativistas. Para eles, a pegada de carbono é superior à da produção de peles sintéticas.
Embora 17 países da UE tenham adotado medidas em dezembro para proibir total ou parcialmente a criação de animais para este fim, a venda de peles não é proibida como em Israel, na Califórnia e algumas cidades americanas.
No entanto, a Comissão Europeia deve decidir antes de março de 2026 sobre uma possível proibição da exploração e vendas de peles. Também pode optar por adotar "normas apropriadas" para respeitar o bem-estar dos animais.
Segundo a LAV, a Max Mara bloqueou comentários hostis em sua conta do Instagram desde quarta-feira.
"Uma campanha de pressão não nos interessa. Preferimos falar com a empresa, explicar nossas razões e convencê-la a deixar de usar peles", argumenta Pavesi.
A.Ferraro--NZN