Festival de Cannes se prepara para uma edição sob tensão
O Festival de Cannes se prepara para uma edição repleta de estrelas, incluindo o diretor Francis Ford Coppola e as atrizes Meryl Streep e Emma Stone. Entretanto, a sombra do movimento #MeToo paira sobre o festival e uma greve está prevista para tomar a atenção.
O mais importante festival de cinema do mundo começa nesta terça-feira (14) e desenrola seu tapete vermelho para cineastas veteranos, como o americano Coppola e seu aguardado "Megalopolis", e para novos talentos, como a diretora francesa Coralie Fargeat e seu filme "A Substância", com as atrizes Demi Moore e Margaret Qualley.
O novo filme do autor de "Apocalypse Now" (1979), com o qual ganhou sua segunda Palma de Ouro, depois de "A Conversação" (1974), conta o sonho de um arquiteto (Adam Driver) de reconstruir uma cidade.
Outros filmes na disputa pela Palma de Ouro incluem "Kinds of Kindness", do grego Yorgos Lanthimos, novamente com a americana Emma Stone, e "The Shrouds", do canadense David Cronenberg, outro frequentador do festival.
O brasileiro Karim Ainouz, o único latino-americano na competição, apresentará "Motel Destino", uma história de amor e desejo no nordeste do Brasil.
O veterano diretor Oliver Stone estreará, por sua vez, um documentário sobre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, sua prisão entre 2018 e 2019 e seu retorno ao poder.
O Brasil será representado também por Marcelo Caetano ("Baby") e o duo de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha e seu documentário "A Queda do Céu" sobre o povo Yanomami da Amazônia.
Uma proposta chamativa é a do francês Jacques Audiard: "Emilia Pérez", categorizado entre thriller e musical, sobre um chefe do tráfico de drogas mexicano que quer mudar de sexo, com Selena Gomez e Zoe Saldaña no elenco.
Já o iraniano Mohammad Rasoulof foi condenado a cinco anos de prisão em seu país apenas alguns dias antes de apresentar seu filme "The seed of the sacred fig" no festival.
- "Caso por caso" -
No total, 22 filmes disputam a Palma de Ouro, dos quais quatro são dirigidos por mulheres - no ano passado foram sete, o recorde -, incluindo a britânica Andrea Arnold, em sua quarta vez na disputa.
Às vésperas do início e com o #MeToo abalando novamente o cinema francês, os organizadores temem, diante dos rumores de possíveis acusações de violência sexual contra figuras proeminentes presentes no evento.
A presidente do festival, Iris Knobloch, afirmou na última semana que, se isso acontecesse, fariam o possível para "tomar a decisão correta, caso por caso", e levariam em consideração os impactos no filme em questão.
A atriz Judith Godrèche, eleita a voz do movimento na França depois de denunciar os diretores Benoît Jacquot e Jacques Doillon por estupro, apresentará um curta-metragem com depoimentos de vítimas de violência sexual.
Também é possível que a 77ª edição seja afetada por uma greve convocada por uma pequena associação de trabalhadores, "Sob as telas, a miséria", para protestar contra suas condições de trabalho.
Os organizadores reconheceram que estão cientes das "dificuldades enfrentadas por alguns de seus trabalhadores" e ofereceram diálogo.
- George Lucas e Meryl Streep -
Fora da competição, grandes produções serão apresentadas na Croisette, incluindo "Furiosa", de George Miller, um novo episódio de sua saga "Mad Max", e "Horizon: An American Saga", um faroeste de vários capítulos dirigido por Kevin Costner.
Outros dois pesos pesados do cinema, George Lucas, o criador de "Star Wars", e a atriz americana Meryl Streep, vencedora de três Oscars, receberão uma Palma de Ouro honorária.
O júri, presidido pela diretora Greta Gerwig, diretora do sucesso "Barbie", concederá o principal prêmio em 25 de maio para designar o sucessor de "Anatomia de uma Queda", da francesa Justine Triet.
A seção argentina será a maior, com Federico Luis ("Simón de la Montaña"), Hernán Rosselli ("Algo viejo, algo nuevo, algo prestado") e Iair Said ("Los domingos mueren más personas").
A colombiana Camila Beltrán apresentará seu primeiro longa-metragem, "Mi Bestia", sobre uma adolescente e uma profecia do diabo, e o espanhol Jonás Trueba levará "Volveréis", sobre um casal que quer fazer uma festa para anunciar sua separação.
A.P.Huber--NZN